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EUA e China redefinem relação comercial com "Fase 1" de acordo

15/01/2020 18h22

Por David Lawder e Andrea Shalal

WASHINGTON (Reuters) - Os Estados Unidos e a China anunciaram nesta quarta-feira um acordo comercial inicial que irá reduzir algumas tarifas e aumentar as compras chinesas de bens e serviços dos EUA, aliviando um conflito de 18 meses entre as duas maiores economias do mundo.

Pequim e Washington classificaram a "Fase 1" do acordo como um passo importante depois de meses de negociações pontuadas por retaliações em tarifas que atingiram as cadeias de suprimentos e alimentaram temores de uma desaceleração maior na economia global.

"Juntos, estamos corrigindo os erros do passado e entregando um futuro de justiça e segurança econômicas para trabalhadores, agricultores e famílias norte-americanos", disse o presidente dos EUA, Donald Trump, ao anunciar o acordo na Casa Branca ao lado do vice-premiê chinês, Liu He, e outras autoridades.

A peça central do acordo é uma promessa da China de comprar pelo menos mais 200 bilhões de dólares em produtos agrícolas e outros bens e serviços dos EUA ao longo de dois anos, sobre uma base de 186 bilhões de dólares de compras em 2017.

O acordo incluirá 50 bilhões de dólares em pedidos adicionais de produtos agrícolas dos EUA, afirmou Trump, acrescentando estar confiante de que os agricultores norte-americanos seriam capazes de atender à demanda maior.

Ele também disse que a China comprará de 40 bilhões a 50 bilhões de dólares em serviços adicionais dos EUA, 75 bilhões de dólares a mais em produtos manufaturados e 50 bilhões de dólares a mais em suprimentos de energia.

Autoridades de ambos os países anunciaram o acordo como uma nova era para as relações sino-americanas, mas ele não aborda muitas das diferenças estruturais que levaram o governo Trump a iniciar a guerra comercial.

Entre as diferenças está a prática de longa data de Pequim de apoiar empresas estatais e inundar os mercados internacionais com produtos de baixo preço.

Trump, que adotou uma política "Estados Unidos Primeiro" visando reequilibrar o comércio global em favor de empresas e trabalhadores dos EUA, disse que a China prometeu ações para enfrentar o problema de produtos pirateados ou falsificados e que o acordo incluía forte proteção aos direitos de propriedade intelectual.

Mais cedo, o principal assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, disse à Fox News que o acordo adicionaria 0,5 ponto percentual ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA em 2020 e 2021.

Mas alguns analistas expressaram ceticismo de que o acordo colocará o comércio entre EUA e China numa nova trajetória.

"Acho improvável uma mudança radical nos gastos chineses. Tenho baixas expectativas sobre o cumprimento das metas estabelecidas", disse Jim Paulsen, estrategista-chefe de investimentos do Leuthold Group em Mineápolis. "Mas acredito que toda a negociação foi um avanço tanto para os EUA quanto para a China."

A "Fase 1" do acordo, alcançada em dezembro, cancelou as tarifas planejadas dos EUA sobre celulares, brinquedos e laptops fabricados na China e reduziu pela metade, para 7,5%, a tarifa sobre cerca de 120 bilhões de dólares em outros produtos chineses, incluindo televisores, fones de ouvido bluetooth e calçados.

Mas manterá tarifas de 25% em uma gama de 250 bilhões de dólares em bens e componentes industriais chineses usados pelos fabricantes dos EUA.

Trump, que tem tratado a "Fase 1" do acordo como um pilar de sua campanha de reeleição em 2020, disse que concordaria em remover as tarifas remanescentes assim que os dois lados negociarem uma "Fase 2". Ele acrescentou que essas negociações começarão em breve.

Ele também disse que visitará a China em um futuro não muito distante.

(Reportagem adicional de Lisa Lambert e Susan Heavey em Washington, Tim Aeppel em Nova York e Se Young Lee e Stella Qui em Pequim)