Redução de juros do consignado de aposentados só atinge Itaú entre os grandes
Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - A proposta do governo para redução nos juros do consignado para aposentados aprovada nesta terça-feira só atinge o Itaú Unibanco dentre os grandes bancos do país, ficando acima da média já praticada pelas instituições financeiras de modo geral.
Mesmo assim, a Febraban (federação dos bancos) fez a sugestão de uma diminuição mais modesta no limite do juro, argumentando que um corte maior pode impactar especialmente as pequenas e médias instituições.
Ao fim da discussão do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), a taxa de 1,8% ao mês foi aprovada. O teto até então vigente era de 2,08%, alterado pela última vez em setembro de 2017, quando a Selic, taxa básica de juros, estava em 8,25% ao ano. Hoje, a Selic está em 4,25% e com o mercado apostando em novo corte pelo BC na quarta-feira.
O Itaú é líder neste mercado, segundo dados do BC.
A redução nos juros do consignado integra pacote divulgado na semana passada para enfrentar o impacto da pandemia. A ideia é baratear os financiamentos para idosos, mais vulneráveis à evolução do covid-19 em caso de infecção.
Em apresentação na reunião do conselho, o Departamento de Monitoramento do Sistema Financeiro do BC informou que a taxa média praticada pelos chamados bancos complexos, que compreendem as maiores instituições do país, foi de 1,74% ao mês na semana de 19 a 27 de fevereiro.
Entre os bancos regionais públicos, a taxa média foi de 1,50% ao mês e nos demais, de 1,79% ao mês.
Segundo o BC, 35% das concessões em janeiro nesta modalidade de crédito foram feitas por bancos que praticavam taxas de juros acima do novo limite proposto.
Neste grupo, o Itaú Unibanco foi quem mais concedeu empréstimos (1,82% ao mês), seguido pelo Banco Itaú Consignado (1,93% ao mês) e Banestes (1,95% ao mês).
As maiores taxas no período foram cobradas pela Parati - CFI (2,17% ao mês), Via Certa Financiadora (2,13%) e Mercantil Brasil e Banco Digio, ambos com 2,07% ao mês.
Entre os grandes, o Santander cobrou 1,47% ao mês, seguido por Caixa Econômica Federal (1,56%), Bradesco Financiamentos (1,69%), Bradesco (1,75%) e Banco do Brasil (1,76%),.
O CNPS também aprovou redução do juro máximo para consignado do cartão de crédito para aposentados do INSS a 2,7% ao mês. O governo propôs de início reduzir a 2,6%, ante teto atual de 3%.
Em outra frente, a reunião do CNPS também aprovou que os prazos máximos das operações subam 72 meses para 84 meses.
A Febraban apresentou na reunião proposta de redução no teto do consignado para aposentados a 1,98% ao mês, e 2,90% ao mês para os empréstimos consignados com cartão de crédito.
A entidade argumentou que o cenário de elevação do custo de captação de longo prazo, com alta volatilidade, em especial para bancos pequenos e médios, "poderá resultar em impacto na oferta de crédito e concentração bancária caso fixado teto incompatível com esta nova realidade".
Em nota, o Itaú afirmou que a taxa média divulgada pelo BC não corresponde às taxas disponibilizadas aos clientes, mas à média das operações contratadas num determinado período, refletindo também fatores como características do produto e perfil do cliente.
O banco afirmou ainda que apoia as iniciativas do BC que proporcionem redução das taxas e que está "preparado para acatar as medidas propostas pelo órgão".
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