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Dólar dispara 3% e bate recorde perto de R$5,72 com cenário local turvo

24/04/2020 10h22

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar era negociado em máximas recordes na manhã desta sexta-feira, subindo mais de 3% e chegando a flertar com 5,72 reais, com a tensão política na esteira da saída de Sergio Moro do governo elevando a pressão sobre a moeda brasileira.

Por mais uma sessão a moeda brasileira liderava as perdas globais nos mercados de câmbio na sessão e no ano.

Às 13:02, o dólar avançava 3,01%, a 5,6941 reais na venda. Na máxima do dia a moeda norte-americana chegou 5,7190 reais, novo recorde histórico nominal.

Sergio Moro pediu demissão do cargo de ministro da Justiça nesta sexta-feira com um discurso duro contra a decisão do presidente Jair Bolsonaro de trocar o comando da Polícia Federal, que o agora ex-ministro disse representar interferência política e quebra da promessa de que teria carta-branca.

"Aqui, o cenário político deverá continuar nebuloso", disse em nota Ricardo Gomes da Silva, da Correparti Corretora.

"A deterioração das contas públicas em decorrência da pandemia da Covid-19, associada à interminável crise, especialmente entre o Executivo e Legislativo, põe o Brasil nas cordas. O risco-país afugenta os investidores e, hoje, nem mesmo o carry-trade serve de atrativo para evitar a imensa fuga de capitais", completou.

Na quinta-feira, o dólar à vista já havia disparado diante dos ruídos políticos e registrou a máxima histórica para fechamento de 5,5278 reais, alta de 2,19%.

No ano de 2020, em meio a cenário de juros baixos --com expectativa de ainda mais cortes na Selic pelo Banco Central--, a moeda norte-mericana acumula alta de mais de 42%, em termos nominais.

O comportamento do real nesta sexta-feira divergia ante movimentos de seus pares emergentes, que tinham quedas apenas comedidas ou mesmo se valorizavam.

O BC precisou atuar mais no mercado em meio à disparada do dólar. A autoridade monetária anunciou duas operações extraordinárias para venda de contratos de swap cambial e também realizou um leilão de venda de dólar no mercado à vista.

Em dinheiro "novo", o BC injetou no mercado, entre os dois instrumentos, um total de 1,545 bilhão de dólares.

O BC colocou ainda todos os 10 mil contratos de swap cambial (500 milhões de dólares) em leilão de rolagem e 700 milhões de dólares em operação para postergar o vencimento de linhas de moeda estrangeira (a oferta era de até 3 bilhões de dólares).

(Edição de José de Castro)