Bacia de Campos tem 7 plataformas da Petrobras com casos de Covid-19, diz sindicato
Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Sete plataformas da Petrobras na Bacia de Campos registraram casos do novo coronavírus entre os trabalhadores, segundo levantamento da Federação Única dos Petroleiros (FUP), que está buscando junto a autoridades a interdição de unidades para evitar um contágio maior, afirmou à Reuters o coordenador-geral da entidade, José Maria Rangel.
As plataformas da petroleira com casos confirmados na Bacia de Campos até o momento, segundo dados da FUP reunidos junto aos trabalhadores, são: P-26, P-50, P-18, P-35, P-20, P-33 e P-62.
Até o fim da semana, a FUP e o Sindicato Norte Fluminense (Sindipetro-NF) vão enviar petições à agência reguladora ANP, à vigilância sanitária, além da própria Petrobras, pedindo a interdição de algumas das plataformas que apresentaram até agora o maior número de casos.
"A gente tem envolvido (outros órgãos) para tentar ver se a gente consegue paralisar essas unidades", disse Rangel, que lidera a federação que tem 13 sindicatos filiados, incluindo o Sindipetro-NF.
A Bacia de Campos, que historicamente foi a maior produtora do país, perdeu relevância nos últimos anos, perdendo o posto para a Bacia de Santos, após a descoberta de grandes campos produtores do pré-sal na região vizinha.
As plataformas com casos registrados em Campos reportadas pela FUP são antigas e, juntas, não representam parcela importante da produção da Petrobras.
Rangel destacou que a P-26, por exemplo, onde havia um maior número de registros nos últimos dias, está fora de produção e será descomissionada.
Segundo ele, estão sendo realizadas reuniões semanais dos sindicatos com a Petrobras, nas quais a petroleira apenas apresenta as medidas empenhadas e informa um total de casos registrados do Covid-19 na empresa, sem detalhar onde e quais são esses casos.
Rangel disse que gostaria que os sindicatos pudessem participar mais das decisões para combater a doença.
Procurada, a Petrobras não comentou os casos registrados pela FUP nas sete plataformas da Bacia de Campos e frisou que monitora todas as ocorrências suspeitas entre os colaboradores, dentro ou fora das unidades, desde o primeiro reporte de sintomas.
"Tomamos todas as medidas preventivas para evitar o contágio nesses casos e orientamos o colaborador e seus familiares por meio das nossas equipes de saúde, seguindo as definições das autoridades sanitárias", afirmou.
A ANP registrou até 28 de abril 625 casos confirmados de Covid-19 nas empresas que executam atividades de Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural no Brasil, sendo que 243 profissionais acessaram instalações marítimas de perfuração e produção. O total de suspeitos nessas empresas somam 1.445.
A agência também não fornece detalhes sobre onde ocorreram esses casos e quais as empresas que empregam esses profissionais.
Anteriormente, apenas dois casos tornaram-se públicos, nas plataformas do tipo FPSO Capixaba, sob operação da holandesa SBM Offshore , e Cidade de Santos, sob operação da japonesa Modec . Ambas estão a serviço da Petrobras e chegaram a ser paralisadas.
Recentemente, a petroleira estatal passou a realizar testes rápidos para a triagem de colaboradores no momento do embarque para as plataformas. No entanto, Rangel pontuou que os trabalhadores não são testados no desembarque.
Segundo o líder sindical, há relatos de trabalhadores que estiveram em contato com casos positivos de Covid-19 nas plataformas e não foram testados ao deixar as unidades.
Em resposta à Reuters, a Petrobras afirmou que desde o início da pandemia adotou medidas preventivas em linha com as recomendações de autoridades sanitárias e órgãos reguladores.
A empresa destacou ainda que reduziu o efetivo em unidades operacionais, tomando medidas mais rigorosas no setor offshore, como isolamento domiciliar monitorado e triagem médica no pré-embarque, com suspensão do embarque de quem apresentar qualquer sintoma.
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