Empresa irlandesa de alimentos Kerry demite no Brasil em meio à pandemia
Por Ana Mano
SAO PAULO (Reuters) - A empresa irlandesa de alimentos e ingredientes Kerry está reduzindo o número de funcionários no Brasil em resposta às mudanças no mercado causadas pelo surto do novo coronavírus, disseram três líderes sindicais.
As demissões afetam quase 8% dos quadros da companhia no país, de acordo com cálculos da Reuters.
A Kerry teve um início de ano promissor, mas desde março as medidas de isolamento social no mundo afetaram a demanda de clientes em restaurantes, cadeias de fast food e bares, o que atingiu empresas que atuam como fornecedoras nesses segmentos.
A divisão de sabor-e-nutrição da Kerry nas Américas possui receita anual de 3,2 bilhões de euros (US$ 3,46 bilhões), com o chamado food service correspondendo a 30% das vendas, segundo informações públicas.
Em nota à Reuters, a Kerry disse que todas as seis instalações no Brasil estavam "totalmente operacionais", sem dar detalhes.
No entanto, em Cotia, onde a Kerry fabrica produtos como maionese e molho de tomate vendidos para o Mcdonald's, algumas linhas de produção foram temporariamente fechadas em meio à pandemia, disse o diretor sindical Januncio Batista de Araujo Neto. Ele estimou que 50 pessoas foram demitidas, reduzindo o número de funcionários na planta para cerca de 350.
Em Campinas, onde funciona a sede da Kerry no Brasil, Marcos Araujo, presidente do sindicato local, disse que a produção não foi interrompida, apesar de ele admitir que demissões pontuais ocorreram.
Outro local afetado pelos cortes é Três Corações, onde são feitos produtos lácteos e ingredientes de carne. Ali, 34 pessoas foram demitidas até agora, afirmou Rogerio Prado Ribeiro, presidente do sindicato local. A outra novidade é que a fábrica de Três Corações agora opera seis e não sete dias por semana, disse o dirigente.
Uma fonte próxima à empresa, afirmando que a Kerry emprega 1.100 pessoas no Brasil, contou haver "um número muito pequeno de demissões", mas preferiu não se aprofundar.
A fonte citou ainda dispensas "sazonais" devido à menor demanda por produtos como sorvete, à medida que o inverno se aproxima no hemisfério sul.
A Kerry espera tempos difíceis, segundo comunicado ao mercado em 30 de abril. Devido às incertezas relacionadas aos desdobramentos da pandemia de Covid-19, ela retirou todas as projeções financeiras para o ano divulgadas em fevereiro.
A Kerry disse ainda que o impacto da pandemia no desempenho do segundo trimestre será pior do que no trimestre anterior.
(Por Ana Mano)
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