Mansueto defende aceleração de privatizações e mudanças tributárias para alavancar receitas
Por Isabel Versiani
BRASÍLIA (Reuters) - O secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, disse nesta quarta-feira que o país precisa acelerar seus projetos de privatização e concessões no curto prazo e também focar mudanças em regimes tributários especiais, para lidar com a queda das receitas, duramente abaladas pela retração da atividade econômica, que pode chegar a 7% neste ano segundo o secretário.
Em live promovida pelo Citi, Mansueto afirmou que o país não voltará a registrar superávits primários neste governo, como era a expectativa antes da crise do coronavírus, principalmente por causa da queda das receitas.
Ele destacou que, enquanto o aumento das despesas públicas por medidas voltadas ao enfrentamento da crise será concentrado neste ano, as receitas demorarão a se recuperar.
"Antes da crise estávamos esperando que até o final deste governo teríamos superávit primário, e esse não é mais o caso. Não pelos gastos, mas muito mais pelas receitas, como você vai ter o PIB caindo 6%, 7% este ano, você perde receitas este ano e no próximo também", disse Mansueto.
"Se você não fizer nada do lado da receita, provavelmente você não terá superávits primários até o final do próximo governo, isso é muito longo, não podemos aceitar isso."
Para o secretário, que está deixando o governo no próximo mês, o governo precisa acelerar as privatizações em 2021 e 2022, com destaque à da Eletrobras, e também alterar regimes especiais, como os que permitem deduções "que não fazem sentido" no pagamento de imposto de renda.
Mansueto reiterou que considera a reforma tributária a mais importante no momento atual e que vê o Congresso mobilizado de forma inédita em torno do debate. Ele se disse otimista com a possibilidade de o governo aprovar pelo menos parte de uma reforma no próximo ano.
Em 2020, Mansueto disse que o país deve fechar o ano com um déficit primário em torno de 11% do PIB e um déficit nominal de 15% a 16% do PIB. A dívida bruta ficará em torno de 95% do PIB, enquanto a dívida líquida chegará a 65%, 66% do PIB, estimou.
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