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Bolsonaro diz que Brasil terá situação pior que os EUA se não houver voto impresso em 2022

07/01/2021 11h53

Por Eduardo Simões

(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feria que o Brasil enfrentará um cenário pior que o vivido pelos Estados Unidos, onde na véspera apoiadores do presidente Donald Trump invadiram o prédio do Congresso, caso o país não adote o voto impresso na eleição presidencial de 2022.

Em conversa com apoiadores ao deixar o Palácio da Alvorada pela manhã, Bolsonaro repetiu alegações sem apresentar qualquer evidência que as fundamentassem de que o processo eleitoral no Brasil é fraudado, assim como voltou a afirmar, novamente sem apresentar fundamentos, que houve fraude na eleição que resultou na derrota de Trump e na eleição do democrata Joe Biden nos EUA.

"Pessoal tem que analisar o que aconteceu nas eleições americanas agora. Basicamente qual foi o problema, a causa dessa crise toda? Falta de confiança no voto. Então lá o pessoal votou, e potencializaram o voto pelo correio por causa da tal da pandemia e houve gente que votou três, quatro vezes, mortos votaram. Foi uma festa lá. Ninguém pode negar isso aí", disse Bolsonaro sem apresentar indícios que confirmassem a veracidade de suas afirmações.

"Se nós não tivermos o voto impresso em 22, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter problema pior que os Estados Unidos", afirmou.

O voto em urna eletrônica no Brasil foi adotado em 1996 e, desde então, nunca foi registrada uma denúncia fundamentada de fraude contra o sistema e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) garante que o resultado das eleições podem ser auditados.

No ano passado, Bolsonaro afirmou que a eleição de 2018, na qual foi eleito, foi fraudada e que ele deveria ter vencido no primeiro turno. Na ocasião, prometeu que apresentaria provas das alegações, o que nunca fez.

ALERTA AO BRASIL

Em nota divulgada nesta quinta, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, afirmou que a violência cometida contra o Congresso norte-americano "deve colocar em alerta a democracia brasileira".

"Na truculência da invasão do Capitólio, a sociedade e o próprio Estado parecem se desalojar de uma região civilizatória para habitar um proposital terreno da barbárie. A alternância de poder não pode ser motivo de rompimento, pois participa do conceito de República", disse.

Para Fachin, que será o presidente do TSE nas eleições presidenciais de 2022, há uma estratégia para minar a democracia.

"Em outubro de 2022 o Brasil irá às urnas nas eleições presidenciais. Eleições periódicas de acordo com as regras estabelecidas na Constituição e uma Justiça Eleitoral combatendo a desinformação são imprescindíveis para a democracia e para o respeito dos direitos das gerações futuras", disse.

"Quem desestabiliza a renovação do poder ou que falsamente confronte a integridade das eleições deve ser responsabilizado em um processo público e transparente. A democracia não tem lugar para os que dela abusam", reforçou.

Em nota divulgada na véspera, após Bolsonaro ter dito a apoiadores que sua vitória em 2018 foi fraudada, o atual presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, rebateu-o.

"O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, lida com fatos e provas, que devem ser apresentadas pela via própria. Eventuais provas, se apresentadas, serão examinadas com toda seriedade pelo tribunal", disse o ministro, em nota repassada por sua assessoria.

(Com reportagem adicional de Ricardo Brito em Brasília)


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