Queiroga não cita isolamento e diz que medidas simples podem evitar parar economia
Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O futuro ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defendeu nesta terça-feira o uso de máscara e lavar as mãos como medidas preventivas contra a Covid-19 que podem evitar a paralisação da economia e, ao reconhecer que não vai fazer "nenhuma mágica", disse que espera combater a pandemia com contribuições baseadas no melhor da evidência científica.
"Conclamar a população que utilize máscaras, são medidas simples de bloqueio ao vírus, que lavem as mãos, usem o álcool. Eu estou repetindo, todos vocês já sabem disso, mas só para reafirmar essa posição que são medidas simples, mas que são importantes, porque a gente pode com essas medidas evitar ter que parar uma economia de um país?", disse Queiroga em pronunciamento ao lado do ministro Eduardo Pazuello, a quem substituirá no cargo, após reunião com a equipe do ministério.
Queiroga, entretanto, não fez uma defesa do isolamento social ou de medidas mais drásticas de restrição da circulação de pessoas que estão sendo adotadas por governadores e prefeitos nos últimos dias em razão do agravamento da crise sanitária no país e o colapso em hospitais e outras unidades de saúde. O presidente Jair Bolsonaro é um crítico desse tipo de medidas, alegando que os prejuízos econômicos são mais sérios do que o próprio vírus.
"É preciso unir os esforços de enfrentamento da pandemia com a preservação da atividade econômica, para garantir emprego, para garantir renda e para garantir recursos para que as políticas públicas de saúde tenham consecução", disse o futuro ministro.
Declarando ter sido convocado na véspera por Bolsonaro, o médico cardiologista admitiu que o país vive uma "nova onda" da pandemia com muitas mortes, e disse que é preciso melhorar a qualidade da assistência de saúde do sistema público, apesar de ter elogiado o trabalho do SUS.
Mas Queiroga --o quarto ministro da área na pandemia e a segunda opção após a médica Ludhmila Hajjar ter recusado o convite-- disse estar ciente da "grande responsabilidade" que tem e que sabe que não vai fazer sozinho "nenhuma mágica" e que não resolverá os problemas de saúde pública do Brasil.
Queiroga afirmou também que pretendia levar uma "palavra de alento" para aqueles que perderam familiares para essa "doença miserável" e de outras doenças que também afetam a população brasileira.
Nesta terça-feira, o Brasil atingiu um novo recorde de mortes por Covid registradas em um único dia, com mais 2.841 óbitos, totalizando mais de 282 mil vidas perdidas em um ano de pandemia.
O futuro ministro --que não informou quando vai efetivamente assumir o cargo-- afirmou que a pasta que vai comandar está muito empenhada em trabalhar de forma harmônica e em parceria para garantir a imunização de todos os brasileiros de uma maneira eficiente.
Essa é uma das principais queixas de autoridades regionais e parlamentares, no momento em que o país vacinou somente 2,4% da população acima de 18 anos com duas doses --menos de 4 milhões de brasileiros--, ao mesmo tempo em que ostenta os piores índices de mortes e de casos por Covid-19 no mundo atualmente.
CONTINUIDADE
Ao se manifestar antes de Queiroga, o Pazuello disse novamente que não se trata de uma transição, mas de uma soma -- na linha com o que ele e Bolsonaro disseram na véspera e o novo ministro, mais cedo.
"Não é uma transição, é um só governo. Continua o governo Bolsonaro, continua o ministro da Saúde", destacou.
Queiroga e Pazuello vão participar na quarta-feira de um ato de entrega na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do primeiro lote de doses da vacina da AstraZeneca fabricadas no país.
(Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello)
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