Aziz diz que levar Guedes à CPI da Covid geraria "mal-estar econômico"
Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), defendeu nesta quarta-feira que não é o momento de solicitar um depoimento à comissão do ministro da Economia, Paulo Guedes, argumentando que poderia geral "mal-estar econômico" e que não deseja provocar o "caos".
Já foram apresentados requerimentos pedindo o depoimento do ministro, mas, segundo Aziz, os pedidos teriam sido apresentados em um primeiro momento para a discussão do auxílio emergencial na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
"Eu falei: 'não é o momento'. Porque trazer um ministro da Economia para dentro de uma CPI, isso cria um mal-estar econômico internacional, de investidores, de bolsa, uma série de coisas que nós não queremos. Eu não quero o caos econômico", disse o senador, em entrevista à GloboNews.
Aziz disse ter sido mal interpretado por alguns colegas, que o acusaram de tentar proteger o governo, e aproveitou para criticar a fala de Guedes na véspera, quando o ministro afirmou que o coronavírus havia sido inventado pela China e que a vacina do país asiático seria menos efetiva que a dos Estados Unidos.
"É muito pitaqueiro sem entender da situação", disse Aziz. "Quem é o ministro Paulo Guedes para vir dizer que a CoronaVac não é uma vacina boa?", questionou. "Ele cuida da economia. E já vai cambaleando... Quem foi que disse a ele que a CoronaVac não é uma boa vacina? Quem disse para ele?"
Aziz alertou que o país asiático é responsável pela produção do insumo farmacêutico ativo (IFA) da CoronaVac e de outras vacinas e lembrou que o Brasil já passou por "problema de relacionamento" com a China criado, segundo o senador, pelo ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
"O Paulo Guedes entende tanto de vacina quanto eu entendo de botar um foguete na lua. Ele não entende nada. Então ele não tem que dar opinião. Quem não entende não pode prescrever remédio. Quem não entende não pode comentar vacina. A gente ouve especialistas. Quem sou eu para dizer lá qual é o remédio que é bom ou não para qualquer tipo de doença?"
Aziz comentou ainda a iniciativa de parlamentares Jorginho Mello (PL-SC), Eduardo Girão (Podemos-CE) e Marcos Rogério (DEM-RO) de levar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a batalha jurídica sobre a suspeição do relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL). Na peça apresentada à corte, os parlamentares pedem que seja retirado da CPI qualquer membro com parentesco com potenciais investigados, mirando em Renan e em Jader Barbalho (MDB-PA), indicado para suplência no colegiado. Renan e Jader são pais dos governadores Renan Filho (MDB), de Alagoas, e Helder Barbalho (MDB), do Pará
"É um direito que eles têm, mas não é isso que vai atrapalhar os nossos trabalhos", disse Aziz em referência à ação apresentada pelos três senadores ao STF.
Desde antes da instalação da CPI, governo e aliados vinham trabalhando contra a indicação de Renan como relator e chegaram a conquistar uma vitória temporária, quando, na segunda-feira, a Justiça Federal determinou em caráter liminar que Renan não poderia assumir a relatoria, a pedido da deputada Carla Zambelli (PSL-SP). A decisão foi revertida na terça-feira pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região e o senador foi designado o relator da CPI.
Aziz foi questionado, ainda, sobre declarações do presidente Jair Bolsonaro, para quem a CPI poderá ser um "carnaval fora de época", caso não convoque governadores e prefeitos.
"Com certeza nesse carnaval (estarão) todos os fatos relacionados a recursos federais do Covid, seja prefeito, seja governador, seja ministro, seja assessor, seja alguém que está lá perto do gabinete, como é o caso do Fabio Wajngarten (ex-secretário de Comunicação da Presidência), que estava querendo comprar vacina, mas o presidente, do lado, não sabia", afirmou o presidente da CPI.
"Esse carnaval com certeza não começou dentro da CPI, ainda. Espera a gente trabalhar para depois criticar. Agora, carnaval é aglomeração, aglomeração causa infecção, infecção por coronavírus causa óbito e é isso que está acontecendo hoje no Brasil", acrescentou Aziz.
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