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Varejo do Brasil cresce mais que o esperado em julho e atinge patamar recorde

Imagem de arquivo; vendas no varejo brasileiro tiveram alta de 5,7% sobre um ano antes - Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
Imagem de arquivo; vendas no varejo brasileiro tiveram alta de 5,7% sobre um ano antes Imagem: Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

Camila Moreira

Em São Paulo

10/09/2021 09h11

Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O varejo brasileiro registrou aumento das vendas pelo quarto mês seguido em julho e bem acima do esperado, dando início ao terceiro trimestre em patamar recorde diante da reabertura da economia.

Em julho, as vendas no varejo dispararam 1,2% na comparação com junho, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira, resultado bem acima da expectativa em pesquisa da Reuters de ganho de 0,7%.[BRRSL=ECI]

Com isso, o volume de vendas do comércio atingiu patamar recorde na série histórica iniciada no ano 2000.

"A trajetória do comercio é de um ritmo contínuo e gradual de crescimento das vendas. A partir de março há um cenário de retomada do comércio", destacou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.

Esse foi o quarto resultado positivo seguido depois de forte revisão para cima no dado de junho a alta de 0,9%, depois de o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ter informado antes queda de 1,7%. Segundo Santos, a série está "bagunçada" devido à pandemia e o padrão de consumo mudou, assim a cada novo dado o algoritmo refaz a leitura para trás.

Na comparação com julho de 2020, houve ganho de 5,7% das vendas, também acima da projeção de analistas de avanço de 3,45%.

No mês, das oito atividades pesquisadas, cinco tiveram alta das vendas na comparação com julho. A mais intensa foi de Outros artigos de uso pessoal e doméstico, de 19,1%.

"Vemos uma trajetória de recuperação dessa atividade, que acaba por fazer grandes promoções e aumentar a sua receita bruta de revenda, num novo momento de abertura e maior flexibilização do isolamento social, o que gera maior aumento da demanda”, explicou Santos.

Também registraram ganhos em julho Tecidos, vestuário e calçados (2,8%); e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (0,6%).

Tiveram leves ganhos Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,2%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,1%).

Apesar dos ganhos, Santos destacou a hetereogeneidade entre os setores, com seis atividades ainda abaixo do patamar pré-pandemia.

"Algumas atividades ainda não conseguiram recuperar as perdas na pandemia, como é o caso de equipamentos e material para escritório, que ainda está 26,7% abaixo do patamar pré-pandemia, ou combustíveis e lubrificantes, que está 23,5% abaixo”, disse ele.

O comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, registrou crescimento de 1,1% nas vendas em julho frente a junho. Enquanto o setor de Veículos, motos, partes e peças teve ganho de 0,2%, o de Material de construção apresentou recuo de 2,3%.

Com a reabertura da economia depois das medidas de restrição contra a Covid-19, o setor varejista enfrenta o aumento dos juros, o que encarece o crédito. O Banco Central já elevou a taxa básica de juros Selic a 5,25%, e novo aumento é esperado na reunião deste mês.

O desemprego elevado também é um empecilho, bem como os temores de novo recrudescimento nos casos de coronavírus.