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Presidente do BC da Rússia enfrenta escolhas difíceis sobre inflação

17/03/2022 11h08

(Reuters) - Em março de 2021, quando o banco central da Rússia elevou a taxa de juros pela primeira vez em três anos, a presidente da autoridade monetária, Elvira Nabiullina, usou um broche em forma de falcão -imagem associada àqueles inclinados a reduzir estímulos-- na mais recente de uma série de sinalizações desse tipo sobre a política monetária captados pela mídia russa.

Menos de um ano depois, vestida de preto e com o rosto sombrio, Nabiullina anunciou que estava mais do que dobrando a taxa de juros para 20% e impondo alguns controles de capital, conforme a Rússia enfrenta um isolamento econômico cada vez mais profundo devido à invasão da Ucrânia.

A expectativa é de que essa taxa emergencial seja mantida quando o banco central se reunir na sexta-feira. Mas limitar os danos do conflito pode forçar Nabiullina, que colocou a meta de inflação no centro da política monetária, fora do caminho da ortodoxia monetária.

Economistas consultados pelo banco central na semana passada projetaram que a economia vai encolher 8% este ano, enquanto a inflação chega a 20% à medida que a Rússia sofre com a reação econômica à sua invasão, que Moscou descreveu como uma operação especial.

A economista da Renaissance Capital Sofia Donets disse que a firmeza e consistência de Nabiullina fizeram dela uma presidente de BC "excepcional", mas acrescentou: "Agora as regras do jogo estão mudando novamente e isso não é escolha do banco central - um novo desafio pode exigir a reformulação do manual".

Nabiullina, 58, economista e ex-assessora do presidente Vladimir Puton e uma indicação inesperada em 2013, é a primeira mulher a comandar o banco central, umas das instituições mais respeitadas da Rússia.

Ela logo se estabeleceu como uma combatente da inflação, resistindo a pedidos de empresários poderosos e do Ministério da Economia por cortes dos juros para reanimar o crescimento.

"Os broches de Nabiullina" deram um toque alegre a uma imagem tecnocrata.

"Para sustentar o crescimento econômico, precisamos baixar a inflação. Esse é nosso principal objetivo", disse ela no início de seu mandato. "Vou dizer de novo: estímulo monetário não seria efetivo em nossa visão."