Cenário fiscal passará por teste neste ano eleitoral, diz Oreng do Santander
O possível ciclo "estendido" de alta das commodities gerou melhora de fundamentos do Brasil e potencialmente deixará uma situação fiscal mais favorável para o próximo governo, o que explica parte da recuperação dos preços dos ativos domésticos neste ano, mas esse quadro benigno será colocado sob teste à medida que as discussões sobre política econômica se desenrolarem, disse Mauricio Oreng, superintendente de pesquisa macroeconômica do Santander Brasil.
O banco privado informou nesta quinta-feira revisão de cenários para uma série de variáveis macroeconômicas. O Santander baixou as previsões para o dólar, embora siga vendo alta da moeda frente aos patamares atuais; melhorou as projeções para o resultado primário do setor público e a dívida bruta/PIB; elevou os prognósticos para a inflação e manteve expectativa de Selic a 13,25% ao fim de 2022.
A estimativa do Santander para o resultado primário do setor público consolidado passou para próximo de zero em 2022, contra déficit esperado de 0,8% do PIB no cenário anterior, refletindo um aumento da receita, principalmente relacionada a commodities. A razão dívida bruta/PIB para 2022 foi reduzida para 80,6% (de 84,8%), praticamente estável em relação a 2021.
"As commodities melhoram muito as condições para o governo no próximo mandato presidencial aproveitar uma situação mais favorável e endereçar com mais calma questões estruturais como o gasto obrigatório", disse Oreng, citando que essa visão mais otimista do mercado explica parte da valorização do real em 2022 —a mais forte entre as principais moedas— e o alívio na curva longa de juros.
"Mas tudo isso são conjecturas. A gente vai precisar ver a partir especialmente de janeiro de 2023 em diante que tipo de política econômica a gente vai observar para de fato perceber se esse cenário de menor risco para a economia brasileira de fato se materializa", ponderou.
Entre as mudanças de projeções, o Santander passou a ver dólar de 5,00 reais ao fim de 2022 (5,40 reais antes), 4,80 reais no término de 2023 (5,25 reais do cenário anterior) e 4,70 reais no encerramento de 2024 (4,90 reais na estimativa anterior).
O enfraquecimento do real ante os patamares atuais —a moeda era cotada em torno de 4,71 por dólar nesta quinta-feira— deve ocorrer na esteira da normalização mais célere da política monetária nas economias avançadas e de alguma volatilidade gerada pelo debate sobre os rumos da política econômica a partir de 2023, segundo o banco privado.
"Porém, entendemos que a alta nos preços de commodities e uma provável mudança estrutural na alocação de recursos dedicados a mercados emergentes, ambos derivados do conflito Rússia-Ucrânia, juntamente a um diferencial de juros ainda significativo deverão resultar em uma taxa de câmbio mais apreciada do que imaginávamos", disse o Santander Brasil em relatório de atualização de cenário.
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