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Cenário fiscal passará por teste neste ano eleitoral, diz Oreng do Santander

Cenário fiscal passará por teste com início de debates sobre política econômica em ano eleitoral, diz Mauricio Oreng do Santandet - Getty Images
Cenário fiscal passará por teste com início de debates sobre política econômica em ano eleitoral, diz Mauricio Oreng do Santandet Imagem: Getty Images

José de Castro

14/04/2022 12h22Atualizada em 14/04/2022 12h46

O possível ciclo "estendido" de alta das commodities gerou melhora de fundamentos do Brasil e potencialmente deixará uma situação fiscal mais favorável para o próximo governo, o que explica parte da recuperação dos preços dos ativos domésticos neste ano, mas esse quadro benigno será colocado sob teste à medida que as discussões sobre política econômica se desenrolarem, disse Mauricio Oreng, superintendente de pesquisa macroeconômica do Santander Brasil.

O banco privado informou nesta quinta-feira revisão de cenários para uma série de variáveis macroeconômicas. O Santander baixou as previsões para o dólar, embora siga vendo alta da moeda frente aos patamares atuais; melhorou as projeções para o resultado primário do setor público e a dívida bruta/PIB; elevou os prognósticos para a inflação e manteve expectativa de Selic a 13,25% ao fim de 2022.

A estimativa do Santander para o resultado primário do setor público consolidado passou para próximo de zero em 2022, contra déficit esperado de 0,8% do PIB no cenário anterior, refletindo um aumento da receita, principalmente relacionada a commodities. A razão dívida bruta/PIB para 2022 foi reduzida para 80,6% (de 84,8%), praticamente estável em relação a 2021.

"As commodities melhoram muito as condições para o governo no próximo mandato presidencial aproveitar uma situação mais favorável e endereçar com mais calma questões estruturais como o gasto obrigatório", disse Oreng, citando que essa visão mais otimista do mercado explica parte da valorização do real em 2022 —a mais forte entre as principais moedas— e o alívio na curva longa de juros.

"Mas tudo isso são conjecturas. A gente vai precisar ver a partir especialmente de janeiro de 2023 em diante que tipo de política econômica a gente vai observar para de fato perceber se esse cenário de menor risco para a economia brasileira de fato se materializa", ponderou.

Entre as mudanças de projeções, o Santander passou a ver dólar de 5,00 reais ao fim de 2022 (5,40 reais antes), 4,80 reais no término de 2023 (5,25 reais do cenário anterior) e 4,70 reais no encerramento de 2024 (4,90 reais na estimativa anterior).

O enfraquecimento do real ante os patamares atuais —a moeda era cotada em torno de 4,71 por dólar nesta quinta-feira— deve ocorrer na esteira da normalização mais célere da política monetária nas economias avançadas e de alguma volatilidade gerada pelo debate sobre os rumos da política econômica a partir de 2023, segundo o banco privado.

"Porém, entendemos que a alta nos preços de commodities e uma provável mudança estrutural na alocação de recursos dedicados a mercados emergentes, ambos derivados do conflito Rússia-Ucrânia, juntamente a um diferencial de juros ainda significativo deverão resultar em uma taxa de câmbio mais apreciada do que imaginávamos", disse o Santander Brasil em relatório de atualização de cenário.