Ômicron e déficit comercial reduzem PIB dos EUA no 1° tri
Por Lucia Mutikani
WASHINGTON (Reuters) - A economia dos Estados Unidos registrou contração inesperada no primeiro trimestre, já que um ressurgimento nos casos de Covid-19 afetou a atividade, mas o declínio na produção pinta um quadro equivocado da atividade em meio à sólida demanda interna.
A queda preliminar no Produto Interno Bruto (PIB), divulgada pelo Departamento de Comércio dos EUA nesta quinta-feira, foi ditada principalmente por um déficit comercial mais amplo, diante do salto das importações, e por uma desaceleração na acumulação de estoques empresariais em relação ao ritmo robusto do último trimestre do ano passado.
Uma medida da demanda doméstica acelerou em relação ao quarto trimestre, no entanto, aliviando temores de estagflação ou recessão. O Federal Reserve ainda deve aumentar os juros em 0,50 ponto percentual em sua próxima reunião de política monetária, na quarta-feira que vem. O banco central dos EUA elevou sua taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual em março e deve começar a reduzir suas participações em ativos em breve.
"A economia ainda está mostrando alguma resiliência, mas o relatório do PIB do primeiro trimestre sinaliza o início de um crescimento mais moderado neste ano e no próximo, em grande parte em resposta a taxas de juros mais altas", disse Sal Guatieri, economista sênior da BMO Capital Markets, em Toronto.
"Apesar da contração, o Fed tem pouca escolha a não ser subir os juros agressivamente em maio para conter a inflação."
O PIB dos EUA caiu a uma taxa anualizada de 1,4% no trimestre passado, disse o Departamento de Comércio em estimativa preliminar nesta quinta-feira. A economia cresceu a um ritmo robusto de 6,9% no quarto trimestre de 2021.
Economistas consultados pela Reuters haviam previsto que a economia cresceria a uma taxa de 1,1% no primeiro trimestre. As estimativas variavam de retração de 1,4% a crescimento de 2,6%.
No primeiro trimestre, a economia norte-americana também foi afetada por desafios da cadeia de abastecimento, escassez de trabalhadores e inflação crescente. Ainda assim, a produção permanece 2,8% acima do nível do quarto trimestre de 2019. Na comparação frente ao mesmo período do ano anterior, a economia cresceu 3,6% entre janeiro e março.
As importações aumentaram no período, enquanto as exportações caíram. Isso levou a um aumento acentuado do déficit comercial, que subtraiu 3,20 pontos percentuais do crescimento do PIB. O comércio tem sido um empecilho para o crescimento econômico por sete trimestres consecutivos.
DEMANDA FORTE
O crescimento dos gastos do consumidor --que representam mais de dois terços da atividade econômica dos EUA-- acelerou para uma taxa de 2,7%, ante 2,5% no quarto trimestre de 2021, apesar de ter sido atingido pela onda de casos de coronavírus impulsionada pela variante Ômicron. Mesmo com os preços dos alimentos e da gasolina em alta, ainda não há sinais de que os consumidores deixarão de comprar.
Fortes ganhos salariais em meio a um mercado de trabalho apertado e pelo menos 2 trilhões de dólares em poupança acumulada durante a pandemia estão proporcionando um alívio aos consumidores diante da aceleração da inflação.
O fortalecimento das condições do mercado de trabalho foi endossado por um relatório separado publicado pelo Departamento do Trabalho nesta quinta-feira, segundo o qual os pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram 5 mil, para 180 mil, na semana encerrada em 23 de abril.
Ainda assim, permanece o receio de que o Fed possa apertar agressivamente a política monetária e levar a economia à recessão ao longo dos próximos 18 meses.
Mas muito dependerá da rapidez com que as tensões geopolíticas e nas cadeias de suprimentos diminuirão e também do cenário de inflação.
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