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Inflação ao consumidor nos EUA tem em junho maior taxa anual desde 1981

13/07/2022 11h58

Por Lucia Mutikani

WASHINGTON (Reuters) - A inflação ao consumidor nos Estados Unidos saltou em junho a 9,1%, taxa anual mais elevada em mais de quatro décadas, sob a pressão dos preços da gasolina, alimentos e aluguéis, consolidando as expectativas de que o Federal Reserve aumentará os juros em 0,75 ponto percentual no final deste mês.

A leitura acima do esperado do índice de preços ao consumidor anual informado nesta quarta-feira pelo Departamento do Trabalho também refletiu os preços mais altos de saúde, veículos, vestuário e móveis. Na base mensal, o índice teve o maior aumento em quase 17 anos.

Os dados da inflação foram divulgados após relatório que mostrou crescimento do emprego mais forte do que o esperado em junho, sugerindo que a postura agressiva de política monetária do Fed fez pouco progresso até agora para esfriar a demanda doméstica e reduzir a inflação para sua meta de 2%.

Embora seja um problema global, a inflação alta representa um risco político para o presidente dos EUA, Joe Biden, e seu partido Democrata, que se preparam para as eleições de meio de mandato de novembro.

"Apesar das melhores intenções do Fed, a economia parece estar se movendo para um regime de inflação mais alta", disse Christopher Rupkey, economista-chefe da FWDBONDS. "O Fed está ainda mais atrás da curva após o relatório de hoje."

Na base mensal, o índice de preços ao consumidor subiu 1,3% no mês passado, após avançar 1,0% em maio, e contra expectativa de alta de 1,1%, atingindo a maior taxa desde setembro de 2005.

A alta de 7,5% nos preços da energia foi responsável por quase metade do índice, enquanto os preços da gasolina saltaram 11,2% após alta de 4,1% em maio.

Os preços do gás natural avançaram 8,2%, maior nível desde outubro de 2005, enquanto o custo da eletricidade aumentou 1,7% e os preços dos alimentos subiram 1,0%. O custo dos alimentos consumidos em domicílio avançaram 1,0%, registrando o sexto aumento mensal consecutivo de pelo menos 1,0%.

Nos 12 meses até junho, os preços ao consumidor saltaram 9,1%, maior alta desde novembro de 1981 depois de avanço de 8,6% em maio. Economistas consultados pela Reuters previam alta de 8,8% em 12 meses.

Os preços ao consumidor estão subindo em meio a problemas nas cadeias de fornecimento globais e estímulos fiscais maciços do governo adotados no início da pandemia da Covid-19.

A guerra em curso na Ucrânia, que causou um pico nos preços globais de alimentos e combustíveis, agravou a situação.

Os preços da gasolina nos EUA atingiram níveis recordes em junho, ficando em média acima de 5 dólares por galão, de acordo com dados da Associação Automobilística Americana (AAA).

Desde então, eles caíram em relação ao pico do mês passado e estavam em média em 4,631 dólares por galão na quarta-feira, o que pode aliviar parte da pressão sobre os consumidores.

INFLAÇÃO SUBJACENTE

O governo norte-mericano informou na sexta-feira passada que a economia do país criou 372.000 vagas de emprego em junho.

O aperto do mercado de trabalho também é destacado pelo fato de que havia quase dois empregos para cada desempregado no final de maio.

Os mercados financeiros esperam que o banco central dos EUA aumente sua taxa de juros em mais 0,75 ponto percentual na reunião de 26 e 27 de julho. Desde março, o banco subiu os juros em 1,50 ponto.

Os preços anuais dos alimentos estão subindo em seu ritmo mais rápido desde fevereiro de 1981, com os preços da energia registrando seu maior salto em mais de 42 anos.

Havia a expectativa de que uma mudança nos gastos de bens para serviços ajudaria a esfriar a inflação. Mas o mercado de trabalho muito apertado está aumentando os salários, contribuindo para o aumento dos preços dos serviços.

As pressões inflacionárias subjacentes permaneceram fortes no mês passado. Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice de preços ao consumidor subiu 0,7% em junho, depois de alta de 0,6% em maio.

O chamado núcleo da inflação avançou 5,9% nos 12 meses até junho, após alta de 6,0% em maio.