Target eleva pressão sobre fornecedores após salto em estoques
Por Siddharth Cavale e Arriana McLymore
NOVA YORK (Reuters) - O presidente-executivo da Target, Brian Cornell, prometeu em junho que a varejista norte-americana tomaria as medidas necessárias para se adaptar a um cenário pós-pandemia, reduzindo um recorde de 15,1 bilhões de dólares em mercadorias não vendidas.
Nos bastidores, as medidas da Target incluem pressionar seus fornecedores, pedindo-lhes que paguem a conta pelo frete e exigindo de alguns a retenção de mais mercadorias em seus próprios armazéns, disseram 11 fornecedores da varejista à Reuters.
Seis dos fornecedores disseram que os movimentos recentes da Target aumentaram suas despesas e reduziram suas margens de lucro no momento em que a varejista quer liberar recursos para reabastecimento de lojas, enquanto os consumidores se preparam para as compras de volta às aulas.
A Target disse a alguns fornecedores que deixará de transportar algumas mercadorias fabricadas na China, aumentando seus custos, disseram dois fornecedores à Reuters.
Dois outros fornecedores disseram que a Target pediu que mantivessem alguns estoques em seus próprios armazéns, encaminhando as mercadorias para a Target apenas quando necessário.
Carly McGinnis, presidente da Exploding Kittens, que fabrica jogos de cartas na China vendidos na Target, disse que a varejista pediu para enviar seus jogos diretamente para os centros de distribuição da Target. Como a gigante do varejo anteriormente coletava os jogos diretamente na China, a mudança aumenta os custos de transporte e armazenamento da Exploding Kittens, disse ela.
"Estamos tendo que reter alguns pedidos" na China, afirmou. "Agora temos estoque na China que a Target não precisa. Então, estamos transferindo esse material para os EUA e temos que usar nosso próprio frete", reduzindo as margens, disse McGinnis.
As decisões da Target podem ser um prenúncio inicial dos problemas de alguns dos milhões de pequenos e médios fornecedores de mercadorias cujos produtos ficam nas prateleiras das grandes varejistas.
Em geral, os estoques nas lojas subiram 31,3%, atingindo 104,65 bilhões de dólares no final de abril, o nível mais alto desde pelo menos 2000, de acordo com estimativas preliminares do Census Bureau, dos EUA.
Um porta-voz da Target disse que "manteve conversas abertas e transparentes com nossos parceiros fornecedores". A empresa havia afirmado em junho que iria cancelar pedidos, trabalhar com fornecedores para reduzir os prazos de entrega e pediria que eles ajudassem a compensar as pressões inflacionárias.
A Target obtém mercadorias de milhares de fornecedores, dizem os analistas. Os 11 que conversaram com a Reuters vendem de tudo, de alimentos a roupas infantis e brinquedos, embora representem uma pequena amostra.
O rival Walmart começará em agosto a cobrar de alguns de seus fornecedores novas taxas de combustível e coleta para transporte de mercadorias a seus armazéns e lojas, de acordo com um memorando visto pela Reuters.
O Walmart não comentou os detalhes de seus acordos com fornecedores. Em maio, a empresa havia dito que estava com mais de 61 bilhões de dólares em mercadorias, um quinto dos quais são bens discricionários que seu presidente-executivo nos EUA afirmou, um mês depois, que gostaria de nunca ter tido.
Isaac Larian, presidente-executivo da fabricante de brinquedos MGA Entertainment, empresa com sede em Los Angeles e que vende para Target e Walmart, disse que seus principais clientes de varejo reduziram as remessas que transportam da China.
Ele disse que a mudança nos pedidos, juntamente com o aumento dos custos de matérias-primas e combustível, elevou o custo de produção em até 23% para bonecas de bebês e crianças, por exemplo.
(Por Siddharth Cavale e Arriana McLymore)
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