Um conto de dois mutuários: investidores punem Reino Unido, mas poupam Alemanha
Por Yoruk Bahceli
(Reuters) - Investidores fugiram de ativos do Reino Unido depois que o governo britânico anunciou planos de um grande aumento nos empréstimos para financiar cortes de impostos, mas a Alemanha não sofreu a mesma punição, apesar de ter sua própria vasta onda de endividamento.
A Alemanha divulgou um pacote de 200 bilhões de euros financiado por novos empréstimos para pagar por um teto sobre os preços do gás natural e um corte de impostos sobre a venda de combustíveis para proteger empresas e famílias do impacto do avanço dos preços da energia, depois que a Rússia cortou o fornecimento para a Europa.
Isso representa cerca de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) total da Alemanha e é igual a aproximadamente metade das necessidades de financiamento do país este ano, mas os rendimentos dos títulos do governo --um indicador de seus custos de empréstimos-- na verdade caíram.
Em contraste, o anúncio do "miniorçamento" do Reino Unido para financiar cortes de impostos e um teto para os preços de energia, com empréstimos custando menos da metade do valor da Alemanha, fez com que as ações britânicas, os preços dos títulos e a libra entrassem em queda livre. O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) teve de intervir no mercado de gilts para domar a volatilidade e empurrar os rendimentos para baixo.
Os custos dos empréstimos do Reino Unido de dez anos são agora o dobro dos da Alemanha, uma amostra de como os investidores veem os dois países de maneira muito diferente.
A decisão do governo britânico de cortar a faixa de impostos para a população de renda mais alta "foi um dos principais pontos de liquidação para o mercado", disse Annalisa Piazza, analista de pesquisa de renda fixa da MFS Investment Management.
Os ricos são menos propensos a cortar gastos devido à inflação, então os mercados questionam o quanto os cortes de impostos do Reino Unido impulsionariam o crescimento, ao contrário da Alemanha, disse ela.
A Alemanha está "apoiando as partes da população que podem fazer a diferença em termos de gastos", afirmou.
LONGO PRAZO
Na quarta-feira, o escritório de dívida da Alemanha já havia dito que levantaria 22,5 bilhões de euros a mais durante o quarto trimestre do que o planejado originalmente para os gastos do governo para enfrentar a crise de energia. Isso representa um aumento de apenas 5% no ano. Menos da metade será captada por dívidas de longo prazo.
Assim, mesmo antes do pacote de 200 bilhões de euros da Alemanha ser revelado, os números de empréstimos do governo eram muito inferiores aos 72 bilhões de libras (79,98 bilhões de dólares) que o Reino Unido planeja levantar nos próximos seis meses, o que representa um aumento de aproximadamente 45% para este ano financeiro, que também serão levantados principalmente por meio de dívidas de longo prazo.
Além disso, a Alemanha, que tem uma relação entre dívida e PIB muito menor do que o Reino Unido, levantará o dinheiro de uma forma que lhe permitirá cumprir seu "freio da dívida", que estabelece um limite estrito para novos empréstimos, exceto em circunstâncias excepcionais.
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