Premiê britânico diz que 'era de ouro' do Reino Unido com a China acabou
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, disse nesta segunda-feira que a chamada "era de ouro" das relações com a China acabou, dizendo que o desafio sistêmico de Pequim aos interesses e valores do Reino Unido está ficando mais grave.
Em seu primeiro grande discurso de política externa, Sunak disse que a abordagem do Reino Unido em relação à China precisa evoluir e que Pequim está "competindo conscientemente pela influência global usando todas as alavancas do poder do Estado".
"Vamos ser claros, a chamada 'era de ouro' acabou, junto com a ideia ingênua de que o comércio levaria a reformas sociais e políticas", disse Sunak no distrito financeiro de Londres, fazendo referência à descrição feita pelo ex-ministro britânico das Finanças George Osborne sobre os laços entre chineses e britânicos em 2015.
Alguns membros de seu Partido Conservador criticaram Sunak, considerando-o menos agressivo em relação à China do que sua antecessora Liz Truss. No ano passado, quando era ministro das Finanças, ele pediu uma estratégia diferenciada para a China para equilibrar as preocupações com os direitos humanos enquanto expandia os laços econômicos.
No entanto, uma reunião planejada entre Sunak e o presidente da China, Xi Jinping, na cúpula do G20 deste mês em Bali fracassou e, na semana passada, Londres proibiu câmeras de segurança de fabricação chinesa em prédios governamentais sensíveis do Reino Unido.
"Reconhecemos que a China representa um desafio sistêmico aos nossos valores e interesses, um desafio que se torna mais agudo à medida que avança para um autoritarismo ainda maior", disse ele, referindo-se à declaração da BBC de que um de seus jornalistas foi agredido pela polícia chinesa.
"Claro, não podemos simplesmente ignorar a importância da China nos assuntos mundiais — para a estabilidade econômica global ou questões como a mudança climática. Os EUA, Canadá, Austrália, Japão e muitos outros também entendem isso."
Sunak disse que o Reino Unido precisa adotar a mesma abordagem de longo prazo de seus adversários e concorrentes, como Rússia e China.
"Diante desses desafios, o curto prazo ou o pensamento positivo não serão suficientes. Não podemos depender de argumentos ou abordagens da Guerra Fria, ou mero sentimentalismo sobre o passado", afirmou.
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