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Governo Bolsonaro enviou ofício à transição para retirar 2,5 mi de brasileiros do Auxílio Brasil, diz Haddad

Ex-prefeito Fernando Haddad (PT) também já ministro da Educação no governo Lula - TON MOLINA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Ex-prefeito Fernando Haddad (PT) também já ministro da Educação no governo Lula Imagem: TON MOLINA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Bernardo Caram

14/12/2022 15h21

BRASÍLIA (Reuters) - A gestão Jair Bolsonaro enviou à equipe de transição um ofício para retirar do cadastro do Auxílio Brasil 2,5 milhões de beneficiários, disse nesta quarta-feira o ex-prefeito de São Paulo e futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Em entrevista à GloboNews, Haddad não detalhou esse pedido e não disse o motivo de o governo em exercício ter enviado tal solicitação ao presidente eleito.

“O desenho do Auxílio Brasil não foi feito para combater a fome, foi feito para maximizar o número de votos”, disse, argumentando que indivíduos passaram a receber nos últimos meses o mesmo benefício de famílias inteiras.

“Agora nós recebemos ofício do próprio governo mandando retirar do cadastro 2,5 milhões de brasileiros. Por que foram incluídos se não se adequavam aos parâmetros da lei?”

“É quase que um crime confessado”, completou o futuro ministro.

A ex-ministra Tereza Campello, que compõe o grupo de trabalho de Assistência Social da transição, afirmou à Reuters que com "o desenho equivocado" do programa de Bolsonaro, houve um forte aumento de beneficiários individuais no período próximo à eleição.

Campello afirmou que o atual governo publicou logo após as eleições uma instrução normativa para "averiguação" da regularidade desses benefícios. Com isso, segundo ela, cerca de 2,5 milhões de pessoas deverão se apresentar a partir de janeiro, já durante a gestão de Lula, para regularizar os cadastros.

"Jogam os erros e a eventual correção desses erros sem ter avisado os municípios, que vão ter que dar conta de atender", disse, ressaltando que a iniciativa foi uma instrução normativa publicada no Diário Oficial da União, não um ofício enviado diretamente à transição.

O Ministério da Cidadania já havia divulgado nota na terça-feira sobre o tema, após declarações nessa linha de membros do grupo técnico de Desenvolvimento Social da transição, afirmando que é "falsa a acusação de que o governo federal incluiu 2,5 milhões de pessoas no Programa Auxílio Brasil pouco antes das eleições, demandando do futuro governo uma revisão dos benefícios e possíveis cancelamentos".

"Outra acusação fantasiosa feita pelo grupo de transição diz respeito a um suposto crescimento anormal na quantidade de famílias unipessoais beneficiárias do Auxílio Brasil", informou a nota. "Cabe ressaltar que possíveis irregularidades, assim que identificadas, foram e sempre serão imediatamente corrigidas, como é praxe desta gestão."

Haddad também afirmou na entrevista que os filtros do INSS para concessão de benefícios foram removidos pelo atual governo, ponderando que isso não significa que as liberações sejam irregulares.

(Por Bernardo Caram e Lisandra Paraguassu)