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Haddad levará propostas a Lula para reduzir déficit deste ano, diz secretário-executivo

03/01/2023 17h02

BRASÍLIA (Reuters) -O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, disse nesta terça-feira que o ministro Fernando Haddad deve encaminhar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva até a próxima semana o que chamou de "plano de voo" para reduzir o déficit primário de cerca de 230 bilhões de reais previsto no Orçamento deste ano.

Segundo Galípolo, que concedeu entrevista à GloboNews, essas ações estarão focadas em dois pilares. De um lado o governo quer reavaliar desonerações aprovadas pelo governo Bolsonaro no ano passado, particularmente durante o período eleitoral, o que inclui a discussão sobre a redução da taxação dos combustíveis.

De outro lado, o das despesas, a equipe econômica também vai avaliar os filtros de acesso aos programas sociais modificados na gestão anterior, disse o economista, que é braço direito de Haddad no ministério.

"Isso também precisa ser revisto do ponto de vista qualitativo. Quer dizer, às vezes você perde a eficiência do programa jogando mais dinheiro de uma maneira equivocada", afirmou o secretário à GloboNews.

Em relação ao novo arcabouço fiscal que Haddad já se comprometeu a apresentar no primeiro semestre, Galípolo disse que, do ponto de vista do gasto, ele deve prever regras claras e previsíveis. Ele se disse "cético", contudo, com propostas, inclusive do Tesouro, que estabelecem maior ou menor liberdade para as despesas de acordo com o nível da dívida pública.

"Existe um componente da dívida que é a política monetária, ou seja, que é a taxa de juros. Se você insere um componente de gatilho automático na dívida, você acaba contaminando a política monetária, e também você tem uma dificuldade de fazer ajustes no primário na mesma proporção, por toda a estrutura de primário que a gente tem hoje", afirmou.

Ressaltando que o novo arcabouço fiscal ainda será discutido com a sociedade, Galípolo acrescentou que a nova regra precisará olhar para a trajetória da dívida, mas ponderou que "criar mecanismos automáticos de corte" pode não ser factível.

(Por Isabel Versiani; edição de Bernardo Caram e Pedro Fonseca)