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Dólar acelera perdas e vai a mínima em 10 meses abaixo de R$5,00 após dados de inflação dos EUA

12/04/2023 09h14

(Altera no 8° parágrafo para "juros menos altos", em vez de "juros mais altos", e atualiza cotações)

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar passou a cair acentuadamente e chegou a tocar o menor nível intradiário em dez meses frente ao real nesta quarta-feira, após dados de inflação norte-americanos mais fracos do que o esperado terem elevado esperanças de que o Federal Reserve não será muito agressivo em seus próximos passos de política monetária.

Às 11:40 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 1,45%, a 4,9345 reais na venda. No menor patamar do dia, a divisa norte-americana chegou a tocar brevemente a marca de 4,9170 reais na venda, sua cotação intradiária mais baixa desde a primeira quinzena de junho do ano passado.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,33%, a 4,9575 reais.

Esse movimento acompanhou tombo da moeda norte-americana no exterior, onde o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas-- caía 0,46%, a 101,650.

O índice de preços ao consumidor norte-americano subiu 0,1% no mês passado, desacelerando após avançar 0,4% em fevereiro, informou o Departamento do Trabalho nesta quarta-feira. Nos 12 meses até março, o índice avançou 5,0%, o resultado mais fraco desde maio de 2021. Em fevereiro a inflação havia subido 6,0% na base anual.

"Vindo abaixo do que o mercado esperava, isso aí começa a deixar um pouco mais claro e abre espaço para o Fed, na próxima reunião, não aumentar os 0,25 (ponto percentual) e pelo menos manter a taxa de juros", disse Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.

Além disso, "já pode se esperar que talvez, ali para o mês de junho, julho, já comece a ter pelo menos uma sinalização do movimento de queda de juros no mercado norte-americano, e isso aí vai tirar bastante força do dólar", completou o economista.

A perspectiva de juros menos altos nos EUA joga a favor do real, que fica mais atraente para investidores estrangeiros quando há um amplo diferencial de custos de empréstimo entre Brasil e economias desenvolvidas. A taxa Selic está atualmente em 13,75% ao ano, nível elevado que é apontado como fator de impulso para a moeda local há meses.

Mas investidores também têm apontado um desmonte de temores fiscais locais como pilar de sustentação para o real, depois da apresentação pelo governo de uma proposta de arcabouço para as contas públicas que impede que os gastos federais cresçam mais do que a receita.

"Apesar de visões mistas, sobretudo no que diz respeito à fonte das receitas, a proposta inicial conseguiu trazer alívio ao câmbio", disse Lucas Serra, analista da Toro Investimentos.

(Por Luana Maria Benedito, edição Alberto Alerigi Jr e Camila Moreira.)