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OCDE vê retomada limitada do crescimento por altas de juros; melhora previsão para o Brasil

OCDE, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, OECD em inglês - Getty Images
OCDE, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, OECD em inglês Imagem: Getty Images

Leigh Thomas

07/06/2023 07h36

O crescimento econômico global aumentará apenas moderadamente no próximo ano, à medida que os efeitos totais dos aumentos das taxas de juros forem sentidos, disse a OCDE nesta quarta-feira, a mais recente instituição a alertar para o impacto do aperto monetário.

A economia mundial deve crescer 2,7% este ano, disse a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), acima de sua previsão anterior de 2,6%, feita em março.

Embora impulsionado pelo fim da política de Covid-zero na China, essa seria a taxa anual mais baixa desde a crise financeira global de 2008-2009, com exceção do ano de 2020, ano marcado pela pandemia, disse a organização com sede em Paris.

O crescimento vai então acelerar apenas ligeiramente no próximo ano para 2,9% — inalterado em relação à previsão de março — já que os aumentos de juros pelos principais bancos centrais do mundo no ano passado pesam cada vez mais no investimento privado, começando pelos mercados imobiliários.

Na terça-feira, o Banco Mundial também citou o impacto crescente dos aumentos dos juros ao elevar sua previsão de crescimento mundial este ano para 2,1%, mas reduzindo a conta para 2024 a 2,4%, ante uma previsão anterior de 2,7%.

A OCDE estima que a economia dos EUA crescerá 1,6% este ano antes de desacelerar para 1% em 2024, com o efeito defasado dos aumentos de juros atingindo a maior economia do mundo de forma particularmente dura. Anteriormente, a expectativa era de expansão de 1,5% este ano e 0,9% em 2024.

Impulsionada pelo fim das restrições contra a Covid, a economia chinesa deve crescer 5,4% em 2023 antes de moderar para 5,1% em 2024. Antes as projeções eram em 5,3% e 4,9%, respectivamente.

À medida que o choque de preços de energia no inverno da Europa desaparece, o crescimento da zona do euro deve acelerar de 0,9% este ano para 1,5% em 2024, já que a inflação mais baixa pesa menos sobre a renda. Em março, a OCDE estimou crescimento de 0,8% em 2023 e 1,4% em 2024.

Para o Brasil, a OCDE melhorou as projeções de expansão econômica a 1,7% em 2023 e 1,2% em 2024, contra expectativa em março de 1,0% e 1,1%, respectivamente.

A OCDE prevê que a inflação no Grupo das 20 principais economias cairá de 7,8% no ano passado para 6,1% este ano e 4,7% em 2024 — ainda bem acima das metas de muitos bancos centrais, apesar dos aumentos das taxas de juros.

"Um risco substancial é que a inflação se mostre mais persistente e, em resposta, as taxas de juros precisem ficar mais altas por mais tempo", disse a economista-chefe da OCDE, Clare Lombardelli, em coletiva de imprensa.

O chefe da OCDE, Mathias Cormann, concordou dizendo que o risco de os principais bancos centrais fazerem muito pouco ou demais está atualmente "igualmente equilibrado".

Autoridades do Federal Reserve sinalizaram uma possível pausa nos aumentos da taxa de juros dos EUA, enquanto o Banco Central Europeu indicou que novos aumentos são prováveis nos próximos meses.

Nas perspectivas da OCDE, a taxa básica de juros do Fed deverá atingir um pico de 5,25-5,5%, com cortes ?modestos? na segunda metade de 2024.

Na zona euro, a OCDE espera que o BCE continue a aumentar as taxas diante de um núcleo de inflação ainda elevado, com um pico observado no terceiro trimestre. A organização prevê que o BCE deixará sua taxa básica em 4,25% até o final de 2024.