Ibovespa resiste a movimento de realização de lucros e defende 119 mil pontos
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou com uma alta discreta nesta quinta-feira, resistindo a movimentos de realização de lucros, conforme persiste o viés positivo para as ações brasileiras na esteira de expectativas atreladas à trajetória da taxa Selic, além de um forte fluxo de capital externo para a bolsa paulista no mês.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,13%, a 119.221 pontos, máxima de fechamento desde 21 de outubro de 2022. Durante o dia, recuou a 118.692,8 pontos na mínima e avançou a 119.686,12 pontos no melhor momento.
O volume financeiro somou 29 bilhões de reais, em sessão também marcada por operações visando o vencimento de opções sobre ações que acontece na sexta-feira na B3.
Para o gestor de renda variável da Western Asset Naio Ino, o desempenho no pregão refletiu "um pouco de ressaca" da véspera, um dia bastante positivo para a bolsa, com algumas ações que subiram bem forte na quarta-feira devolvendo uma parte dos ganhos, entre elas Petrobras e B3.
Na véspera, o Ibovespa avançou quase 2% e fechou acima dos 119 mil pontos pela primeira em quase oito meses, após o Federal Reserve confirmar expectativas no mercado e manter os juros dos Estados Unidos na faixa de 5,00% a 5,25% ao ano, enquanto a Standard & Poor's elevou a perspectiva do rating do Brasil.
"Esse 'carimbo' vindo de uma agência de rating é muito importante para a decisão dos estrangeiros quando decidem alocar recursos em países emergentes", afirmou o sócio e responsável pela área de gestão de recursos da Oriz Partners, Luis Azevedo.
Ele ressaltou que essa boa notícia soma-se à consolidação da perspectiva de queda dos juros no Brasil nos próximos meses. Na Oriz, a previsão é de que o ciclo de cortes tenha início em setembro, com a Selic fechando o ano em 12,50% e encerrando 2024 em 9,00%.
"Vemos o otimismo recente com o mercado de ações como reflexo da queda dos juros a termo, indicando que o afrouxamento monetário tem elevadas chances de começar em breve", afirmou Azevedo, acrescentando que números mais recentes de inflação corroboram essa visão.
"Em paralelo, vemos a bolsa local negociando com bons descontos de preço em relação à média histórica."
Em junho, o Ibovespa já acumula elevação de mais de 10%, em boa parte refletindo forte fluxo de capital externo para as ações brasileiras. De acordo com os dados da B3, neste mês as compras de estrangeiros superaram as vendas em 6,145 bilhões de reais até o dia 13.
No exterior, Wall Street fechou no azul, com o S&P 500 avançando mais de 1%, em meio a uma bateria de dados econômicos e apostas de que o Fed se aproxima do fim do ciclo de aperto monetário nos EUA. A pauta do dia ainda incluiu decisões de juros do Banco Central Europeu e do BC chinês.
Na visão de Ino, da Western Asset, o mercado continua monitorando a China, e notícias como o corte de juros pelo banco central chinês acabam dando uma certa sustentação ao mercado brasileiro. Ele ainda afirmou que também permanece no radar a evolução da discussão do arcabouço fiscal.
O texto da nova regra fiscal ainda está sendo discutido no Senado e precisa ser apreciado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) antes de ir a plenário. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse nesta quinta-feira que a Casa deve votar o projeto na próxima semana.
DESTAQUES
- BRASKEM PNA valorizou-se 6,43%, a 29,48 reais, enquanto segue vulnerável a notícias envolvendo o controle da petroquímica. O colunista Lauro Jardim, de O Globo, publicou que a gestora de ativos Apollo está estudando fazer uma nova oferta pela petroquímica. A Apollo apresentou anteriormente uma oferta em conjunto com a Abu Dhabi National Oil Company (ADNOC), mas agora eles enfrentam a concorrência da Unipar Carbocloro.
- BANCO DO BRASIL ON fechou em alta de 2,05%, a 49,86 reais, ainda beneficiado pela melhora da perspectiva do rating brasileiro na véspera. O Bank of America também elevou o preço-alvo da ação do BB de 54 para 62 reais e reiterou recomendação de "compra", citando que o interesse dos investidores do papel aumentou devido aos ruídos de interferência política mais baixos. ITAÚ UNIBANCO PN subiu 1,31% e BRADESCO PN encerrou com variação positiva de 0,3%.
- PETROBRAS PN fechou em baixa de 2,36%, a 29,39 reais, descolada do movimento de alta do petróleo no exterior e abandonando o desempenho mais positivo da abertura, após a companhia anunciar redução no preço da gasolina. Mais cedo, no melhor momento, as ações chegaram a 30,85 reais, máxima histórica intradia. Investidores também continuam atentos a notícias -- algumas vezes divergentes -- sobre os planos da estatal para a Braskem.
- CVC BRASIL ON avançou 3,9%, a 4,26 reais, após anunciar antes da abertura oferta primária de ações que, ao preço do fechamento da véspera, chega a 683,333 milhões de reais, considerando a colocação dos papéis adicionais. A operadora de turismo espera precificar o follow-on em 22 de junho. Parte dos recursos será usada para melhorar a estrutura de capital da companhia.
- HAPVIDA ON subiu 3,72%, a 4,46 reais, em mais uma sessão positiva, após evento da companhia na véspera com analistas e investidores. Analistas do Bradesco BBI afirmaram que a companhia reforçou no investor day seu foco na rentabilidade e revisaram o preço-alvo da ação de 4,10 para 4,70 reais, reiterando recomendação "outperform".
- SUZANO ON avançou 3,62%, a 48,34 reais, em meio a anúnciou de um novo aumento de 30 dólares por tonelada para o preço de lista da celulose de fibra curta em pedidos para o mês de julho, exclusivamente para o mercado asiático. No setor, KLABIN UNIT valorizou-se 1,64%, a 22,91 reais.
- B3 ON caiu 3,35%, a 14,71 reais, em meio a movimentos de realização de lucros, após tocar mais cedo uma máxima intradia desde novembro de 2022, a 15,34 reais. Até essa máxima, o papel acumulou alta de mais de 15% no mês.
- VALE ON subiu 0,78%, a 69,56 reais, reagindo após ameaçar uma correção, em mais um dia de alta dos futuros do minério de ferro na Ásia. O contrato de minério de ferro mais negociado na Dalian Commodity Exchange (DCE) encerrou as negociações diurnas com alta de 1,43%, a 815,5 iuanes por tonelada métrica, o maior nível desde 31 de março.
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