Dólar ronda estabilidade frente ao real após Copom não sinalizar corte em agosto
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar rondava a estabilidade frente ao real nesta quinta-feira, rondando os menores patamares em mais de um ano, depois de na véspera o Banco Central ter mantido a Selic sem sinalizar intenção de cortar os juros em agosto, como esperava boa parte dos mercados.
Às 10:31 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,08%, a 4,7720 reais na venda.
Na B3, às 10:31 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,19%, a 4,7780 reais.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou na noite de quarta-feira a manutenção da taxa básica Selic em 13,75% ao ano, como esperado, e ainda manteve um tom duro ao avaliar o processo de desinflação no Brasil, sem indicar intenção de cortar juros em agosto, como esperava boa parte do mercado financeiro.
"Em resumo, o comunicado é mais um passo na comunicação do BC rumo a uma postura mais 'dovish' (branda no combate à inflação), mas não é uma promessa de corte de juros na próxima reunião", disse David Beker, chefe de economia para Brasil e de estratégia para América Latina do Bank of America. "O Conselho não é só dependente de dados, mas também aguarda a decisão do CMN na próxima semana e posteriormente melhorias nas expectativas de inflação antes do corte de juros", completou ele.
Apesar da surpresa pela falta de indicação de um corte em breve, operadores continuavam embutindo cerca de 80% de chance de o BC cortar a Selic em 0,25 ponto percentual em agosto, de acordo com probabilidades implícitas em contratos de juros futuros.
A moeda brasileira tende a se beneficiar de juros mais altos, mas boa parte do mercado acredita que, ainda que o Banco Central comece o processo de cortes da Selic no futuro próximo, os juros reais seguirão favoráveis à atração de investimentos, ainda mais num ambiente de arrefecimento da inflação. Isso, por sua vez, tem ajudado a derrubar o dólar para os patamares mais baixos em mais de um ano, bem como uma descompressão de receios fiscais.
Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a 4,7681 reais na venda, com baixa de 0,56%, no menor patamar de encerramento desde 31 de maio de 2022 (4,7542).
Por outro lado, alguns operadores citaram receios de nova escalada nas tensões entre o governo e o Banco Central como um ponto de cautela. De fato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar a condução da política monetária, dizendo em Roma que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, "joga contra a economia brasileira".
No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes tinha leve alta, depois que o chair do Fed, Jerome Powell, indicou que ainda há mais espaço para a taxa de juros dos Estados Unidos subir. O Fed optou na semana passada pela manutenção de sua taxa básica de forma a avaliar os efeitos do aperto monetário na economia.
Em depoimento a parlamentares, Powell disse que a perspectiva de mais duas altas de 0,25 ponto percentual é "um bom palpite".
"Mercados globais estão abrindo em tom predominantemente negativo, com investidores digerindo o discurso mais duro de Powell com relação à política monetária", disse a Guide Investimentos em nota a clientes.
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