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Azul anuncia adesão de 86% a proposta de troca de dívida

28/06/2023 08h10

Por Gabriel Araujo

SÃO PAULO (Reuters) - A Azul disse nesta quarta-feira que um grupo que representa cerca de 86% de detentores de bônus da empresa com vencimento em 2024 e 2026 concordou com uma proposta de troca de dívida feita pela companhia para prorrogar os vencimentos para 2029 e 2030.

A oferta foi anunciada pela companhia aérea neste mês e é parte de um plano de reestruturação mais amplo que também inclui acordos com arrendadoras de aeronaves para a redução dos pagamentos, com 65,5% dos detentores de bônus inicialmente concordando com a proposta.

Agora, com a fase de participação inicial da oferta concluída, a companhia aérea comemorou o que classificou como um elevado nível de aceitação.

"É um número super positivo, mostra que a oferta foi super bem sucedida", disse o diretor financeiro da Azul, Alex Malfitani, à Reuters em uma entrevista. "Isso deixa a gente numa posição super sólida financeira, sem essa dúvida pairando sobre nós se a gente ia conseguir fazer a rolagem dessa dívida."

A Azul espera que a oferta de troca de dívida em um total de 1 bilhão de dólares retire um peso sobre as ações da companhia em um momento em que lida com um elevado endividamento de curto prazo, mesmo tendo que aumentar os juros pagos sobre esses títulos em um cenário de altos custos de empréstimos.

"O custo do dinheiro aumentou no mundo todo e isso faz parte do jogo, é cíclico... O cupom que a gente conseguiu negociar é palatável para nós. Apesar de ser mais alto, ele cabe dentro do nosso modelo de negócio, da nossa geração de fluxo de caixa", disse Malfitani.

Os mercados saudaram o anúncio inicial, com as ações da companhia subindo cerca de 14% desde 13 de junho em meio ao otimismo de que o acordo poderia fortalecer seu fluxo de caixa e o investimento em rotas adicionais.

A Azul também está caminhando para um levantamento de capital adicional.

Ainda assim, a agência de classificação de riscos Fitch rebaixou a nota da Azul para "C", ante "CCC-", argumentando que viu o movimento como uma troca de dívida em dificuldade, por seus critérios.

Isso, no entanto, não preocupa a companhia.

"Acho que isso é uma coisa temporária", disse Malfitani, acrescentando que as agências de classificação de risco têm padrões rígidos para ofertas de troca de dívida. "Quando a gente terminar a nossa reestruturação, aí sim a gente vai poder ver qual é o rating da nova estrutura de capital da Azul."