Ibovespa recua com realização de lucros após BC cortar Selic

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em baixa nesta quinta-feira, com o declínio de papéis como Eletrobras e Ambev e movimentos de realização de lucros minando o efeito positivo da decisão do Banco Central de cortar a taxa Selic e sinalizar mais alívio monetário à frente.

Uma bateria de resultados, entre eles os de Dexco, Suzano, Ambev e Prio, também ocupou as atenções, enquanto uma nova batelada está prevista para após o fechamento, incluindo os números de Petrobras, Bradesco, Lojas Renner e Alpargatas.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,23%, a 120.585,77 pontos. Na máxima, ainda na primeira etapa da sessão, porém, chegou a 122.619,14 pontos. O volume financeiro no pregão somou 27 bilhões de reais.

Na véspera, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 13,25% ao ano, no primeiro corte em três anos e em movimento mais forte do que a maioria das apostas no mercado, que apontava 0,25 ponto.

Apesar da decisão dividida, que teve o presidente do BC, Roberto Campos Neto, como o fiel da balança, o Copom sinalizou novos cortes no mesmo ritmo nas próximas reuniões.

O amplamente esperado início do ciclo de flexibilização monetária no Brasil embalou principalmente ações expostas ao mercado brasileiro, com o setor imobiliário entre os destaques, enquanto entre ações de consumo e varejo a reação foi mista.

A bolsa brasileira já vinha refletindo há meses a perspectiva de corte da Selic no segundo semestre, com as apostas em agosto ganhando força, entre outros fatores, pela melhora relevante em dados de inflação corrente e projeções.

Para o CEO da BGC Liquidez, Erminio Lucci, a performance na bolsa foi um caso clássico de os ativos, no caso as ações, subirem na expectativa e "realizarem" no fato. Em junho e julho, o Ibovespa avançou 12,56%, chegando a tocar 123 mil pontos.

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O movimento recente sugere "um mercado antecipando e precificando o início do ciclo de reversão do aperto monetário", disse, acrescentando que a queda no dia não muda o ciclo tático de alta de ativos de risco locais nos próximos meses.

No exterior, o norte-americano S&P caiu 0,25%, em dia de alta dos rendimentos dos Treasuries e com investidores aguardando a divulgação de dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos na sexta-feira.

DESTAQUES

- ELETROBRAS ON caiu 5,15%, a 36,44 reais, tendo como pano de fundo notícias de que a usina nuclear de Angra 3 não deve ser incluída no Projeto de Aceleração do Crescimento (PAC). A elétrica é sócia da Eletronuclear, controladora de Angra 3.

- AMBEV ON recuou 2,79%, a 14,63 reais, após subir a 15,45 reais na máxima do dia mais cedo, em dia de balanço, que mostrou queda de 15% no lucro líquido do segundo trimestre ante o mesmo período do ano anterior, para 2,6 bilhões de reais.

- BRADESCO PN caiu 0,72%, a 16,55 reais, antes da divulgação do balanço do período de abril a junho, após o fechamento do mercado. No setor, ITAÚ UNIBANCO PN encerrou em baixa de 0,77%, a 28,4 reais.

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- ALPARGATAS PN perdeu 5,26%, a 9,01 reais, antes da divulgação do resultado após o fechamento. O JPMorgan cortou a recomendação dos papéis a "neutra" e reduziu o preço-alvo para 9 reais, enquanto o Citi adotou uma visão mais cautelosa para o resultado trimestral.

- VIA ON fechou em baixa de 8,65%, a 1,9 reais, e MAGAZINE LUIZA ON cedeu 5,11%, a 3,16 reais, mesmo com as perspectivas favoráveis em relação à Selic, com analistas ainda enxergando um cenário desafiador para o setor.

- DEXCO ON avançou 5,27%, a 8,79 reais, após divulgar na véspera resultado trimestral com lucro líquido de 177 milhões de reais, enquanto reduziu estimativas dos investimentos para 2021 a 2025.

- PRIO ON valorizou-se 4,22%, a 47,16 reais, após balanço do segundo trimestre mostrando lucro líquido de 184,6 milhões de dólares, alta de 32% ante igual período de 2022. As ações também tinham como pano de fundo a alta dos preços do petróleo no exterior.

- PETROBRAS PN subiu 1,28%, a 30,92 reais, tendo no radar a divulgação do resultado do segundo trimestre ainda nesta quinta-feira. O movimento positivo teve respaldo no avanço do petróleo no mercado externo, onde o Brent aumentou mais de 2%.

- SUZANO ON avançou 3,65%, a 49,64 reais, após mostrar salto no lucro líquido para 5,08 bilhões de reais no segundo trimestre, embora o Ebitda ajustado tenha recuado 38%. Executivos da Suzano afirmaram que veem custos em tendência de queda no segundo semestre.

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- CYRELA ON fechou em alta de 2,78%, a 24,77 reais, em dia positivo no setor imobiliário, na esteira da decisão do Copom. Fora do Ibovespa, TENDA ON saltou 7,32%, tendo também resultado trimestral no radar.

- CSN ON fechou com decréscimo de 1,43%, a 13,11 reais, com agentes financeiros analisando o resultado do segundo trimestre, que mostrou lucro líquido de 283 milhões de reais, recuo de 23% frente a igual etapa do ano anterior.

- VALE ON subiu 0,63%, a 67,51 reais, resistindo ao declínio dos futuros do minério de ferro na China.

- MERCADO LIVRE disparou 13,59%, a 1.323,11 dólares, em Nova York, onde é negociada, após mais do que dobrar o lucro do segundo trimestre, para 261,9 milhões de dólares, com aumento da receita no marketplace e melhora nas operações do braço financeiro do grupo.

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