Ibovespa ensaia melhora com apoio de Vale; Bradesco e Petrobras recuam
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa ensaiava melhora nesta sexta-feira, endossado por Vale, buscando reverter a tendência que tem marcado os primeiros pregões de agosto, enquanto a queda de Petrobras e Bradesco pressionavam negativamente, em sessão marcada por reações a resultados corporativos e dados norte-americanos de emprego.
Às 12:06, o Ibovespa subia 0,44 %, a 121.115,15 pontos, acumulando até o momento um acréscimo de 0,77% na semana. O volume financeiro somava 12,2 bilhões de reais. No mesmo horário, o contrato futuro do Ibovespa com vencimento mais curto, em 16 de agosto, ganhava 0,65%, a 121.500 pontos.
Nos EUA, foram abertas 187.000 vagas de trabalho fora do setor agrícola no mês passado, segundo o Departamento do Trabalho, abaixo das expectativas, enquanto os dados de junho foram revisados para mostrar abertura de 185.000 postos, em vez dos 209.000 relatados anteriormente.
Mas a taxa de desemprego caiu para 3,5%, de 3,6% em junho, voltando aos níveis vistos pela última vez há mais de 50 anos, e salário médio por hora avançou 0,4%, depois de alta pela mesma margem em junho.
De acordo com o estrategista-chefe da Avenue, William Castro Alves, se a criação de postos de trabalho aquém do esperado e a revisão dos dados dos meses anteriores mostram que a política monetária em curso talvez esteja surtindo efeito, a taxa de desemprego menor e os salários mais altos indicam o contrário.
"Salários seguem crescendo sem sinal de desaceleração... se isso é verdade, o trabalhador continua tendo ganhos reais de renda... e, consequentemente, tende a manter consumo aquecido. Isso acontecendo, temos um cenário mais complexo para redução de inflação e consequentemente possível redução de juros, reforçando a ideia do 'higher for longer' (mais alto por mais tempo)", acrescentou Castro Alves em comentário a clientes.
Em Wall Street, prevalecia a visão mais positiva, com os negócios apoiados ainda na recepção otimista aos números da Amazon divulgados na véspera. O S&P 500 subia 0,49%.
DESTAQUES
- VALE ON subia 0,99%, a 68,18 reais, oferecendo um suporte relevante, em dia de desempenho misto dos futuros do minério de ferro na Ásia, com os traders pesando as esperanças de uma ajuda mais substancial ao setor imobiliário da China contra os temores de desaceleração da produção de aço. O contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange, na China, encerrou as negociações do dia com queda de 0,8%. Na Bolsa de Cingapura, o contrato de referência subiu 1,6%, após três dias de perdas.
- LOJAS RENNER ON valorizava-se 5,93%, a 19,65 reais, mesmo após recuo de 36,3% no lucro líquido do segundo trimestre, para 229,7 milhões de reais, com queda na receita com vendas e impacto negativo de sua unidade financeira. O Ebitda ajustado foi de 481,6 milhões de reais entre abril e o fim de junho, diminuição de 31,4% ano a ano, mas acima das expectativas de analistas. A margem Ebitda ajustada caiu a 16,1%, de 22,1% um ano antes.
- BRF ON avançava 5,99%, a 10,26 reais, tendo como pano de fundo relatório do JPMorgan estabelecendo recomendação "overweight" para as ações da companhia, com preço-alvo de 12 reais para o final de 2024. "Vemos o recente aumento de capital, possíveis desinvestimentos, iniciativas de corte de custos e redução dos custos de ração colocando a alavancagem e a lucratividade da empresa de volta nos trilhos após alguns anos de fraco desempenho de ganhos e consumo de fluxo de caixa (FCF)", afirmaram os analistas.
- BRADESCO PN caía 4,23%, a 15,85 reais, após lucro líquido recorrente de 4,52 bilhões de reais no segundo trimestre, uma queda de 35,8% ano a ano, enquanto o índice de inadimplência acima de 90 dias subiu e o banco cortou projeções de crescimento neste ano para a carteira de crédito expandida e para a margem financeira total. No setor, ITAÚ UNIBANCO PN, que divulga balanço na segunda-feira, cedia 0,35%, a 28,3 reais.
- PETROBRAS PN recuava 1,84%, a 30,35 reais, tendo no radar resultado do segundo trimestre com queda de 47% no lucro líquido, para 28,8 bilhões de reais, em meio a uma queda dos preços do petróleo no mercado internacional e dos combustíveis no Brasil. A companhia aprovou remuneração aos acionistas no valor de 1,149304 real por ação ordinária e preferencial e programa de recompra de ações. Ainda no radar, o ministro de Minas e Energia disse nesta sexta-feira que os preços de combustíveis praticados internamente estão "no limite" e que, se houver oscilação para cima da cotação do petróleo, repasses serão feitos pela Petrobras. E o JPMorgan cortou a recomendação dos papéis para "neutra".
- ALPARGATAS PN ganhava 3,55%, a 9,33 reais, revertendo as perdas dos primeiros negócios, quando caiu quase 7%, após a dona da marca Havaianas reportar prejuízo líquido consolidado de 53,1 milhões de reais no segundo trimestre, em desempenho pressionado por piora do resultado financeiro e queda em vendas e margens. Na véspera, as ações fecharam em queda de mais de 5%.
- CCR ON tinha declínio de 2,55%, a 13,01 reais, tendo no radar lucro líquido de 270,2 milhões de reais no segundo trimestre de 2023, queda de 7,2% frente a igual período do ano anterior. O Ebitda ajustado somou 1,76 bilhão de reais no período, recuo de 1% ano a ano. Analistas, em média, esperavam Ebitda de 1,9 bilhão de reais.
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