PF encontra mensagem de Bolsonaro a empresários para disparar notícias falsas contra STF e processo eleitoral
Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) -A Polícia Federal encontrou uma mensagem do então presidente Jair Bolsonaro em um grupo de WhatsApp com empresários, em junho do ano passado, pedindo para que disparassem notícias falsas com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao processo eleitoral, de acordo com uma decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Segundo uma fonte da PF, o ex-presidente será intimado a depor como parte da investigação do caso no dia 31 de agosto. Procurada, a defesa de Bolsonaro não respondeu de imediato a pedido de comentário sobre o achado e também sobre a intimação.
A descoberta consta de um relatório da PF para prorrogar investigações contra um grupo de empresários que discutia ações para um eventual golpe de Estado em caso de vitória do à época ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra Bolsonaro nas eleições do ano passado.
Em uma das mensagens, Bolsonaro disse que o "desserviço à democracia" dos três ministros do STF que compõem o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) faz aumentar a desconfiança de que fraudes estavam sendo preparadas para as eleições. Afirmou ainda que um instituto de pesquisa estaria inflando os números de Lula para respaldar o TSE no momento do resultado eleitoral.
"Repasse ao máximo", conclui ele, em caixa alta. Logo em seguida, o empresário Meyer Joseph Nigri respondeu: "Já repassei para vários grupos!".
Com base nas mensagens, o ministro do STF Alexandre de Moraes concordou com um pedido da PF para prorrogar o prazo da investigação de Nigri. Outros empresários investigados tiveram as apurações arquivadas pelo magistrado.
"A dilação de prazo solicitada pela Polícia Federal é justificada, uma vez que, em relação ao investigado Meyer Joseph Nigri há necessidade da continuidade das diligências, pois o relatório da Polícia Federal ratificou a existência de vínculo entre ele e o ex-presidente Jair Bolsonaro, inclusive com a finalidade de disseminação de várias notícias falsas e atentatórias à Democracia e ao Estado Democrático de Direito", justificou Moraes na decisão em que aparecem os diálogos.
O advogado Alberto Toron, que defende o empresário, negou que ele tenha participado ou financiado qualquer ato antidemocrático. "Recebemos com serenidade e respeito a decisão do ministro Alexandre de Moraes, embora já esteja claro que o Sr. Meyer Nigri não tenha participado ou financiado qualquer ato antidemocrático", disse.
Em agosto do ano passado, a PF deflagrou uma operação, após determinação de Moraes, mirando um grupo de empresários que pregavam golpe de Estado em caso de vitória de Lula em outubro em conversas em um grupo de WhatsApp. A conversa do grupo foi revelada em reportagem do portal Metrópoles.
(Edição de Pedro Fonseca)
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