Lagarde diz que Europa precisa de um órgão único de fiscalização do mercado para promover união de capital

FRANKFURT (Reuters) - A Europa precisa de uma união dos mercados de capitais, incluindo um supervisor único e uma infraestrutura comercial, para financiar sua digitalização e transição ecológica, disse a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, nesta sexta-feira.

Lagarde disse que nem os governos altamente endividados nem os bancos podem conseguir o dinheiro necessário para tornar a União Europeia mais produtiva e independente em um mundo cada vez mais fragmentado.

A Comissão Europeia afirma que a UE precisa de 620 bilhões de euros todos os anos até 2030 para a transição verde e mais 125 bilhões de euros anuais para a digitalização.

"Está claro que não podemos confiar em nossa estrutura atual para financiar esse investimento", disse Lagarde em uma conferência. "Não teremos sucesso nessas transições se não colocarmos a CMU (união dos mercados de capitais) de volta nos trilhos."

Ela disse que as empresas que desejam digitalizar ou descarbonizar não conseguem acessar o financiamento de que precisam, com quase 40% dos entrevistados em uma pesquisa do BCE sobre pequenas e médias empresas lamentando a falta de disposição dos investidores para financiar investimentos verdes.

Além disso, as startups europeias atraem menos da metade do financiamento das empresas norte-americanas, acrescentou Lagarde.

Como exemplos das mudanças que defende, ela disse que a Autoridade Europeia de Valores Mobiliários e Mercados deveria receber mais poderes, semelhantes aos da Securities and Exchange Commission (SEC) dos Estados Unidos, para substituir a atual colcha de retalhos de autoridades nacionais.

"Ela precisaria de um mandato amplo, incluindo supervisão direta, para mitigar os riscos sistêmicos apresentados por grandes empresas transnacionais e infraestruturas de mercado, como as contrapartes centrais da UE", disse Lagarde.

(Reportagem de Francesco Canepa e Balazs Koranyi)

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