Dólar salta após dados dos EUA e com fluxo de fim de ano; Ptax eleva volatilidade

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar mantinha o ritmo de alta acentuado frente ao real nesta quinta-feira, acompanhando o fortalecimento da divisa norte-americana no exterior após a divulgação de dados de inflação dos Estados Unidos, e refletindo ainda maior demanda pela moeda norte-americana comum no final do ano.

Investidores alertavam para volatilidade elevada na primeira metade do pregão devido à disputa pelo fechamento da Ptax de fim de mês, uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas ou vendidas em dólar.

Às 11:13 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,81%, a 4,9263 reais na venda, mantendo o ritmo de ganhos visto pouco antes da publicação dos dados norte-americanos.

Na B3, às 11:13 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,72%, a 4,9365 reais.

A inflação medida pelo índice PCE ficou inalterada em outubro, depois de ter subido 0,4% em setembro, mostraram dados dos EUA nesta manhã. Nos 12 meses até outubro, o PCE acumulou alta de 3,0%, taxa anual mais fraca desde março de 2021, após avanço de 3,4% em setembro.

Na esteira da leitura, operadores mantiveram nesta quinta-feira as apostas de que o Federal Reserve manterá a taxa de juros ​​por mais três reuniões antes de começar a cortá-la.

Apesar dos dados amplamente encorajadores, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes avançava cerca de 0,50%, enquanto os rendimentos dos Treasuries se recuperavam de mínimas recentes, em movimento muito influenciado por realizações de lucros ao fim de um mês de novembro marcado pelo apetite por risco.

Num geral, a perspectiva de juros mais baixos nos Estados Unidos costuma levar a um redirecionamento de recursos para países mais rentáveis, ainda que mais arriscados, como o Brasil.

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O dólar ainda estava a caminho de fechar novembro com queda de mais de 2% frente ao real, o que marcaria a maior baixa nessa base de comparação desde junho (-5,58%).

Por trás da alta do dólar nesta sessão, investidores também citavam movimentos típicos do final do ano, período em que empresas e fundos costumam ter maior demanda pela moeda norte-americana conforme se preparam para enviar remessas de recursos para o exterior.

Ficava no radar também a questão fiscal, depois que, na véspera, o plenário do Senado aprovou o projeto que trata da tributação de fundos exclusivos e de offshores, enviando para sanção presidencial.

"Ainda há diversas medidas que o governo precisa aprovar para viabilizar a meta fiscal. Até agora, continuamos a prever que o resultado fiscal primário no próximo ano terá maior probabilidade de ser pior do que a meta de 0,0% do PIB", alertou o Citi em relatório a clientes.

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