Dólar sobe no dia com Ptax e exterior, mas fecha novembro em baixa firme

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista fechou a quinta-feira em alta ante o real, em meio à disputa dos investidores para a formação da taxa Ptax no último dia de novembro e ao avanço da moeda norte-americana no exterior, apesar de novos dados sobre a economia dos Estados Unidos indicarem que o ciclo de alta de juros do Fed pode ter se encerrado.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9154 reais na venda, em alta de 0,59%. Em novembro, no entanto, a moeda acumulou baixa de 2,48%.

Na B3, às 17:37 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,70%, a 4,9355 reais.

Na primeira metade do dia a volatilidade foi maior no mercado de câmbio, em meio à disputa dos investidores pela formação da Ptax de fim de mês.

A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista e que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).

Desde o início da sessão, ficou clara a pressão dos comprados para que as cotações avançassem, o que fez o dólar à vista, em um intervalo de dois minutos, passar da mínima de 4,9190 reais (+0,67%, às 9h02) para a máxima de 4,9520 reais (+1,34%, às 9h04).

No exterior, a moeda norte-americana também tinha ganhos firmes ante outras divisas, a despeito dos novos dados sobre a economia norte-americana.

A inflação medida pelo índice PCE ficou em zero em outubro, depois de ter subido 0,4% em setembro. Já o núcleo do PCE -- bastante observado pelo Fed – subiu 0,2% em outubro, ante alta de 0,3% em setembro.

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Os gastos do consumidor, que respondem por mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, aumentaram 0,2% no mês passado, em linha com a expectativa de economias ouvidos pela Reuters, após um ganho não revisado de 0,7% em setembro, informou o Departamento de Comércio.

Além disso, os contratos de compra de casas usadas nos EUA caíram 1,5% em outubro, para 71,4, de um valor revisado de 72,5 no mês anterior, de acordo com o Índice de Vendas Pendentes de Moradias da Associação Nacional de Corretores de Imóveis. Esse foi o valor mais baixo desde que a associação lançou o índice em 2001. Economistas esperavam por um declínio de 2,0%.

Os números reforçaram a percepção de que o Federal Reserve manterá sua taxa básica nos atuais níveis este ano, podendo iniciar o processo de cortes ainda no primeiro semestre de 2024. Ainda assim, compras de dólares no fim de mês davam suporte às cotações no exterior.

À tarde, com a Ptax de fim de mês já definida, em 4,9355 reais na venda, o dólar à vista passou a oscilar sem a influência das disputas técnicas. A moeda norte-americana acabou perdendo um pouco do fôlego, em paralelo à queda das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) de curto prazo.

O movimento foi influenciado por declarações do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, durante evento do JP Morgan.

O diretor afirmou que uma possibilidade de retirada da orientação de que o BC manterá o ritmo de cortes na Selic nas “próximas reuniões”, no plural, teria significados diferentes a depender do momento. Além disso, destacou que recentemente, diante do cenário mais benigno, vem sentindo maior pressão do mercado no sentido de que há espaço para o BC acelerar os cortes de juros.

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Apesar de ter se afastando das cotações mais altas do dia, o dólar ainda terminou em alta ante o real, pela segunda sessão consecutiva.

No exterior, a moeda seguia no fim da tarde em alta ante as divisas fortes e em relação a praticamente todas as moedas de emergentes e exportadores de commodities.

Às 17:37 (de Brasília), o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas-- subia 0,73%, a 103,570.

Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de fevereiro.

Durante a tarde, o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total negativo de 2,924 bilhões de dólares em novembro até o dia 24. Pelo canal financeiro, houve saídas líquidas de 1,551 bilhão de dólares no período e, pela via comercial, saídas de 1,373 bilhão de dólares.

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