Taxas futuras de juros caem em reação a dados do emprego privado nos EUA

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros fecharam esta quarta-feira em baixa firme, de mais de 10 pontos-base em alguns vencimentos, com a curva a termo brasileira reagindo à queda dos rendimentos dos Treasuries, depois que dados mostraram fraqueza no mercado de trabalho privado dos EUA.

Na terça-feira, as taxas longas já haviam fechado em queda no Brasil, mas em movimento mais brando que o visto nos EUA, segundo Laís Costa, analista da Empiricus Research.

“Os juros (futuros) não caíram (no Brasil) como nos EUA, então acaba abrindo uma ‘boca de jacaré’. Como não houve nada que mudasse nossa perspectiva de curto prazo, hoje (quarta-feira) estamos fechando este gap (lacuna) em relação aos EUA”, afirmou Costa.

A queda foi favorecida por novos dados divulgados pela manhã. O Relatório Nacional de Emprego da ADP informou que foram abertos 103.000 postos de trabalho no setor privado em novembro nos EUA, bem abaixo dos 130.000 postos projetados em pesquisa da Reuters com economistas. Já os dados de outubro foram revisados para baixo, mostrando 106.000 vagas criadas, em vez dos 113.000 postos informados anteriormente.

Os números reforçaram a percepção de que o Federal Reserve manterá seus juros básicos na faixa de 5,25% a 5,50% este mês e poderá começar a cortá-los já em março do próximo ano. Neste cenário, os rendimentos dos Treasuries de dez anos voltaram a cair nesta terça-feira e se distanciaram ainda mais dos picos do ano, próximos de 5%.

Na curva a termo brasileira as quedas das taxas foram mais intensas justamente na ponta longa, onde os estrangeiros costumam atuar e onde a influência dos Treasuries vem se sobressaindo.

Apesar da curva norte-americana precificar atualmente corte de juros a partir de março, Costa avalia que isso ocorrerá apenas se os EUA entrarem em recessão.

“Mas se tivermos o corte no primeiro trimestre, acho que também muda o que está na nossa curva aqui. Já temos dois cortes da Selic de 0,50 ponto percentual precificados (em dezembro e janeiro). Se tivermos o Fed cortando em março, não vejo como não termos mais cortes de 0,50 ponto no Brasil”, disse.

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Perto do fechamento desta quarta-feira a curva a termo no Brasil precificava em 97% as chances de o corte da taxa básica Selic na próxima semana ser de 0,50 ponto percentual, como vem sinalizando o BC. As chances de corte de 0,75 ponto percentual estavam em 3%. Atualmente, a Selic está em 12,25% ao ano.

No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,33%, ante 10,38% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,985%, ante 10,051% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 estava em 10,085%, ante 10,162%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,335%, ante 10,43%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,73%, ante 10,844%.

Pela manhã, o Banco Central informou que a dívida bruta brasileira -- um indicador bastante observado pelas agências de classificação de risco -- subiu para 74,7% do Produto Interno Bruto em outubro, ante 74,4% em setembro. Já o setor público consolidado registrou superávit primário de 14,798 bilhões de reais em outubro, abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de saldo positivo de 17,6 bilhões de reais.

Às 16:38 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 5,20 pontos-base, a 4,1192%.

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