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Americanas tem prejuízo de R$4,6 bi nos primeiros 9 meses de 2023

SÃO PAULO (Reuters) - A Americanas divulgou nesta segunda-feira um prejuízo líquido de 4,6 bilhões de reais nos primeiros nove meses de 2023, após vários atrasos, classificando o ano como "o mais desafiador" de sua história à luz de um grande escândalo contábil.

A Americanas, uma empresa quase centenária que tem como acionistas de referência o trio de bilionários que fundou a 3G Capital, pediu recuperação judicial no ano passado depois de descobrir mais de 20 bilhões de reais em inconsistências contábeis.

Nos primeiros três trimestres de 2023, a varejista registrou um prejuízo líquido de 4,61 bilhões de reais, informou em documento à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), após um prejuízo revisado de 6,03 bilhões de reais um ano antes.

A Americanas disse que os resultados foram afetados por uma “significativa queda de vendas", principalmente na plataforma digital, e altas despesas financeiras em meio ao seu processo de recuperação judicial.

As vendas digitais medidas pelo valor bruto de mercadoria (GMV) caíram 77% nos primeiros nove meses de 2023 em relação ao ano anterior.

A diretora financeira da Americanas, Camille Loyo Faria, disse à Reuters que a queda se deve a uma falta de confiança por parte dos clientes e fornecedores, um problema que ela vê como em grande parte já resolvido.

Os resultados também foram prejudicados pela decisão da empresa de parar de vender algumas categorias de produtos, incluindo eletrônicos e geladeiras, diretamente aos clientes em sua plataforma digital, oferecendo-os apenas na plataforma de marketplace de terceiros na tentativa de aumentar as margens.

"A estratégia é justamente tentar trazer os fornecedores desses produtos para serem 'sellers' no nosso 3P (marketplace)", disse ela.

As ações da Americanas fecharam em queda de 3,9%, a 0,50 real nesta segunda-feira. O papel acumula recuo de cerca de 90% desde a revelação das inconsistências contábeis.

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O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Americanas foi negativo em 1,56 bilhão de reais, contra 1,28 bilhão de reais negativos um ano antes, enquanto a margem bruta melhorou 11,1 pontos percentuais, para 27,7%, apoiada pela nova estratégia em sua plataforma digital.

A dívida bruta permaneceu praticamente estável em 38,37 bilhões de reais.

A expectativa é que a varejista informe o resultado do quarto trimestre em março, de acordo com seu site de relações com investidores.

A Americanas divulgou em novembro passado lucros revisados ​​para 2021 e 2022 para refletir o que descreveu como uma “fraude” de ex-administradores, embora as investigações estejam em andamento.

Em dezembro, a companhia obteve a aprovação dos credores para um plano de reestruturação que incluía desinvestimentos, uma troca de dívida por capital e uma injeção de capital de até 12 bilhões de reais pelo trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.

Separadamente, a empresa informou em fato relevante nesta segunda-feira que o Juízo da 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro homologou o plano de recuperação judicial (PRJ) do grupo.

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A companhia prevê uma recuperação até 2025.

(Reportagem de André Romani e Gabriel Araujo)

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