Crescimento econômico dos EUA desacelera no 1º trimestre; inflação aumenta
Por Lucia Mutikani
WASHINGTON (Reuters) - A economia dos Estados Unidos cresceu em seu ritmo mais lento em quase dois anos já que um salto nas importações para atender aos gastos ainda fortes dos consumidores ampliou o déficit comercial, mas uma aceleração da inflação reforçou as expectativas de que o Federal Reserve não cortará a taxa de juros antes de setembro.
A desaceleração do crescimento relatada nesta quinta-feira pelo Departamento de Comércio nos dados do Produto Interno Bruto do primeiro trimestre também refletiu um ritmo mais lento de acúmulo de estoques pelas empresas e uma redução nos gastos do governo. A demanda doméstica permaneceu forte no último trimestre.
"Esse relatório vem com mensagens mistas", disse Olu Sonola, chefe de pesquisa econômica da Fitch. "Se o crescimento continuar a desacelerar lentamente, mas a inflação voltar a decolar com força na direção errada, a expectativa de um corte na taxa de juros do Fed em 2024 começará a parecer cada vez mais fora de alcance."
O Produto Interno Bruto expandiu a uma taxa anualizada de 1,6% no último trimestre, informou o Departamento de Comércio. O crescimento foi amplamente sustentado pelos gastos dos consumidores. Economistas consultados pela Reuters previam que o PIB cresceria a uma taxa de 2,4%, com estimativas variando de um ritmo de 1,0% a uma taxa de 3,1%.
A economia cresceu 3,4% no quarto trimestre. O ritmo de crescimento do primeiro trimestre ficou abaixo do que as autoridades do banco central dos EUA consideram como a taxa de crescimento não inflacionária de 1,8%.
A inflação aumentou, com o índice de preços PCE excluindo alimentos e energia subindo 3,7% depois de alta de 2,0% no quarto trimestre.
O chamado núcleo do PCE é uma das medidas de inflação monitoradas pelo Fed para sua meta de 2%. O banco central tem mantido sua taxa de juros na faixa de 5,25% a 5,50% desde julho, depois de aumentos totais de 525 pontos-base desde março de 2022.
Os gastos do consumidor cresceram a uma taxa ainda sólida de 2,5%, desacelerando em relação ao ritmo de crescimento de 3,3% registrado no quarto trimestre.
Economistas temem que as famílias de baixa renda tenham esgotado suas poupanças acumuladas na pandemia e estejam dependendo em grande parte de dívidas para financiar as compras. Dados recentes e comentários de executivos de bancos indicaram que os tomadores de empréstimos de baixa renda estavam tendo cada vez mais dificuldades para manter seus pagamentos em dia.
Os estoques das empresas aumentaram a uma taxa de 35,4 bilhões de dólares, depois de terem aumentado a um ritmo de 54,9 bilhões de dólares no quarto trimestre. Os estoques subtraíram 0,35 ponto percentual do crescimento do PIB.
O déficit comercial cortou 0,86 ponto percentual do crescimento do PIB. Excluindo os estoques, os gastos do governo e o comércio, a economia cresceu a uma taxa de 3,1%, depois de ter expandido 3,3% no quarto trimestre.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.