Dados sobre empréstimos e consumo reforçam argumentos a favor de cortes nos juros pelo BCE
FRANKFURT (Reuters) - Os empréstimos da zona do euro continuaram a estagnar em março e os consumidores reduziram suas expectativas de inflação, uma vez que os custos recordes de empréstimos continuaram a frear a economia da zona do euro, mostraram relatórios do Banco Central Europeu (BCE) nesta sexta-feira.
Os dados devem consolidar o plano do BCE de começar a cortar as taxas de juros em junho, depois de ver a inflação cair para um pouco acima de sua meta de 2% e o crescimento econômico ficar estagnado.
"Os dados de hoje estão em linha com o início de cortes cautelosos nos juros", disse Bert Colijn, economista sênior do ING para a zona do euro.
Os números do crédito bancário ilustraram como os juros elevados provavelmente estavam desencorajando os tomadores de empréstimos, bem como os credores - parte do preço a ser pago pela luta do BCE contra a inflação elevada.
Os empréstimos bancários para empresas aumentaram apenas 0,4% em março, em comparação com 0,3% no mês anterior. O crescimento dos empréstimos às famílias, que havia sido mais resistente até o verão passado, estabeleceu uma nova mínima recorde de uma década, de 0,2%, em comparação com 0,3% em fevereiro.
Em um sinal de que o remédio amargo do BCE está funcionando, uma pesquisa do BCE mostrou que, em março, os consumidores reduziram suas expectativas de inflação para os 12 meses seguintes para o nível mais baixo desde dezembro de 2021, a 3,0%.
As expectativas de inflação para os próximos três anos se mantiveram estáveis pelo quarto mês consecutivo, em 2,5%, disse o BCE em sua pesquisa mensal com cerca de 19.000 consumidores.
"De agora em diante, devemos pesar o risco de a política monetária se tornar muito rígida", disse a autoridade do BCE Fabio Panetta na noite de quinta-feira. "Uma postura monetária restritiva poderia... aumentar o risco de um período prolongado de fraqueza econômica."
Pelo lado positivo, a quantidade de dinheiro circulando na zona do euro - uma medida que muitas vezes funciona como um indicador antecedente - continuou a se recuperar e cresceu 0,9%, o ritmo mais rápido desde maio passado.
Esse resultado está de acordo com alguns dados recentes que apontam para sinais preliminares de recuperação, ou pelo menos de estabilização, na economia.
A inflação caiu rapidamente no último ano, mas as perspectivas continuam obscurecidas pelo aumento dos custos de energia, pela inflação de serviços alta e pelas contínuas tensões geopolíticas que ameaçam perturbar o comércio.
(Reportagem de Francesco Canepa e Balazs Koranyi)
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.