Taxas futuras despencam com decisão do Fed e anúncio da Moody's sobre Brasil

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - Na volta do feriado do Dia do Trabalho, as taxas dos DIs fecharam a quinta-feira em forte queda, superior a 25 pontos-base em vencimentos mais longos, com a curva a termo brasileira repercutindo as divulgações da véspera, em especial as mensagens de política monetária do Federal Reserve e a melhora da perspectiva de classificação de risco do Brasil pela Moody’s.

No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,195%, ante 10,313% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,43%, ante 10,634% do ajuste anterior.

Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,76%, ante 10,988%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,065%, ante 11,299%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,51%, ante 11,765%.

Na terça-feira as taxas futuras haviam apresentado forte alta no Brasil, superior a 20 pontos-base em alguns vencimentos, em parte por conta do movimento de proteção de investidores antes da decisão do Fed sobre juros.

Na quarta-feira, com o mercado fechado no Brasil em função do feriado, o Fed manteve as taxas de juros na faixa de 5,25% a 5,50% e sinalizou que ainda está inclinado a eventuais reduções nos custos de empréstimos nos EUA. Ao mesmo tempo, avaliou as recentes leituras de inflação como decepcionantes e sugeriu uma possível estagnação do movimento em direção a mais equilíbrio na economia. Já o chair do Fed, Jerome Powell, descartou novas altas de juros.

De modo geral, as mensagens do Fed e de Powell foram avaliadas positivamente e trouxeram certo alívio para a curva de juros norte-americana, que passou por forte queda na quarta-feira. Como o mercado brasileiro estava fechado, os ajustes de baixa nas taxas dos DIs ficaram para esta quinta.

O movimento foi intensificado por outra notícia da véspera: a agência Moody's reafirmou a classificação de risco de crédito do Brasil em Ba2, mas alterou a perspectiva do país de "estável" para "positiva", citando um PIB mais robusto e um progresso contínuo - embora gradual - em direção à consolidação fiscal.

Neste cenário, as taxas futuras cederam desde o início da sessão desta quinta-feira, com os DIs se ajustando às notícias positivas da véspera.

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“Juros futuros de longo prazo caem com melhora da perspectiva da nota do rating (de estável para positiva) e com queda dos juros dos Treasuries”, resumiu o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, em comentário enviado a clientes.

“(Mas) não devemos ter ilusão que o Brasil conseguirá retornar ao grau de investimento com a atual política fiscal. O que houve é reflexo da política fiscal do passado com crescimento do PIB deste ano na faixa de 2%”, acrescentou.

No caso do diretor executivo do Banco Pine, Cristiano Oliveira, a expectativa é de melhora na classificação de risco brasileira até o final do próximo ano.

“Nosso call desde o final do ano passado é que as três principais agências de rating vão promover 'upgrade' do crédito soberano do Brasil até o fim de 2025”, afirmou, referindo-se à Moody’s, à S&P e à Fitch.

Em meio à forte influência trazida pelo Fed e pela Moody’s, a curva brasileira deixou em segundo plano as divulgações ocorridas nesta quinta-feira, que chegaram colocar os rendimentos dos Treasuries de dez anos em alta durante boa parte da sessão.

Entre os números do dia destaque para os pedidos iniciais de auxílio-desemprego nos EUA, que ficaram inalterados em 208.000 na última semana, em dado com ajuste sazonal. Economistas consultados pela Reuters previam 212.000 pedidos.

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Perto do fechamento a precificação da curva estava em 85% de probabilidade de corte de 25 pontos-base da taxa Selic na próxima semana e 15% para corte de 50 pontos-base. Em comunicações anteriores, antes da piora recente do cenário, o Banco Central havia estabelecido um "forward guidance" de corte de 50 pontos-base no próximo encontro. Atualmente a Selic está em 10,75% ao ano.

Às 16h39, o rendimento do Treasury de dez anos - referência global para decisões de investimento - caía 1 ponto-base, a 4,577%.

Veja como estavam as taxas dos principais contratos de DI no fim da tarde desta quinta-feira:

Mês Ticker Taxa(% Ajuste Variação

a.a.) anterior (p.p.)

(% a.a.)

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JAN/25 10,195 10,313 -0,118

JAN/26 10,43 10,634 -0,204

JAN/27 10,76 10,988 -0,228

JAN/28 11,065 11,299 -0,234

JAN/29 11,28 11,522 -0,242

JAN/31 11,51 11,765 -0,255

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