Indicador salarial da zona do euro acelera e reforça argumentos a favor de cautela do BCE
FRANKFURT (Reuters) - O crescimento dos salários negociados na zona do euro acelerou ligeiramente no primeiro trimestre de 2024, mostraram dados do Banco Central Europeu nesta quinta-feira, reforçando a justificativa para cautela no corte das taxas de juros.
Os salários negociados no bloco monetário de 20 países aumentaram 4,69% no primeiro trimestre, depois de uma alta de 4,45% nos três meses anteriores, uma vez que os sindicatos continuaram a exigir compensação pelos rendimentos reais perdidos em anos de inflação rápida.
O BCE há muito tempo associa a expectativa de corte nas taxas ao dado salarial, mas essencialmente se comprometeu com um afrouxamento da política monetário em 6 de junho, de modo que é mais provável que o novo número influencie as decisões mais à frente.
"De modo geral, espera-se que o crescimento dos salários negociados permaneça elevado em 2024", disse o BCE em um comunicado publicado nesta quinta-feira. "No entanto, parece que as pressões salariais deverão desacelerar em 2024".
O banco apontou que os salários anunciados para novas contratações estão desacelerando, com o Indeed Wage Tracker diminuindo para 3,4% em abril de 2024, de um pico de 5,1% em outubro de 2022.
O BCE espera que a remuneração por empregado na zona do euro cresça 4,5% este ano, 3,6% no próximo e 3,0% em 2026.
Isso é mais do que os 3% que o BCE considera consistentes com sua meta de inflação de 2%.
Mas o banco central também afirmou que os trabalhadores merecem alguma compensação pela perda de renda, portanto um período de crescimento mais rápido dos salários é aceitável, especialmente porque as margens de lucro corporativo acima da média poderiam absorver grande parte do aumento.
"Não esperamos que os números dos salários do primeiro trimestre impeçam o BCE de cortar os juros em 25 pontos-base em junho, mas achamos que um crescimento mais firme dos salários reduz a probabilidade de cortes consecutivos em julho", disse Diego Iscaro, economista da S&P Global Market Intelligence.
Indicadores recentes, incluindo uma série de leituras de confiança que captam as intenções das empresas, também mostraram um arrefecimento das demandas salariais no segundo trimestre.
De fato, até mesmo o presidente do banco central alemão, Joachim Nagel, uma das autoridades mais conservadoras do Conselho do BCE, composto por 26 pessoas, disse que a evolução dos salários está indo na direção certa.
A 2,4%, a inflação da zona do euro está agora a uma pequena distância da meta de 2% do BCE, mas ainda pode levar até 2025 para realmente chegar lá, devido em parte aos efeitos estatísticos e à volatilidade dos preços das commodities.
(Reportagem de Balazs Koranyi e Francesco Canepa)
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