Inflação na Argentina desacelera, mas consumidores ainda sentem pressão

Por Miguel Lo Bianco

BUENOS AIRES (Reuters) - A taxa de inflação mensal da Argentina em maio foi provavelmente a mais baixa desde 2022, em meio a uma dura política de austeridade do presidente Javier Milei, mas com a inflação anual ainda perto de 300%, muitos argentinos dizem que ainda não conseguem sentir os benefícios, pois os preços dos alimentos superam os salários.

A inflação anual ainda é a mais alta do mundo, mesmo que a taxa mensal tenha diminuído, com o aumento dos custos de alimentos, serviços públicos e transporte fazendo com que o salário mínimo mensal na Argentina, de 234.315 pesos (260 dólares), pareça insuficiente.

"Ainda não entendo como a inflação pode estar caindo", disse Silvia Castro, uma aposentada de 65 anos que faz compras em um mercado nos arredores de Buenos Aires.

"Os impostos estão muito caros, os serviços e a gasolina estão caros, o seguro está caro, o serviço social (serviço de saúde) que deveria estar caindo está igual ou aumentou."

O governo argentino se vangloria de seu sucesso em controlar a inflação com medidas rígidas para reduzir a impressão de dinheiro do banco central, para se concentrar na reconstrução das reservas e para cortar gastos. No entanto, o Executivo enfrenta o desafio de manter o apoio dos eleitores, com a economia estagnada e o aumento dos níveis de pobreza.

A taxa de inflação mensal deve ter caído pelo quinto mês consecutivo em maio, provavelmente para menos de 5%, abaixo do pico de mais de 25% em dezembro, quando Milei assumiu o cargo e desvalorizou drasticamente o peso.

Mas Laura Basualdo, uma comerciante de 53 anos, disse que muitas pessoas estão tendo dificuldades para comprar produtos, pois o poder aquisitivo foi corroído pela inflação constantemente alta.

"Sou comerciante e muitas vezes vejo o cliente do outro lado que, claramente, se meus preços não forem bons para ele, ele sai para procurar outras ofertas", disse.

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"Todos nós temos que procurar onde fazer compras hoje em dia. É terrível, constantemente o dinheiro em nossos bolsos fica mais leve, cada vez menor. Hoje em dia, parece que comer é um luxo."

((Tradução Redação São Paulo, +55 11 5047-3075)) REUTERS FC FDC

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