Trabalhadores do Ibama que tratam de licenças do setor de petróleo aprovam greve

Por Jake Spring e Fabio Teixeira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Funcionários do Ibama votaram por uma greve em pelo menos 14 Estados, disse o sindicato do órgão ambiental federal nesta sexta-feira, ameaçando atrasar ainda mais as licenças para projetos de petróleo e gás, desacelerar as importações de automóveis e impedir esforços para combater a destruição da floresta amazônica.

Os trabalhadores dos escritórios do órgão no Rio de Janeiro, que cuidam do licenciamento da indústria do petróleo, concordaram na noite de quinta-feira em começar a greve em 24 de junho por questões envolvendo salários, estrutura de carreira e condições de trabalho, de acordo com um comunicado do sindicato nacional Ascema.

Um líder sindical disse que o Rio foi um dos 14 Estados onde os funcionários aderiram à greve. Alguns dos trabalhadores em greve vão iniciar a ação em 1º de julho no órgão, que tem cerca de 3.800 funcionários no total.

Espera-se que o movimento afete o licenciamento ambiental para mais de uma dúzia de empresas do setor de petróleo e gás, incluindo a Petrobras e produtores independentes como Equinor, 3R Petroleum, Enauta e Prio.

"A falta de diálogo por parte do governo nos levou a esta paralisação, que infelizmente aprofundará os já significativos impactos em diversos setores, especialmente no de petróleo e gás", disse o diretor do sindicato do Rio Asibama-RJ, Leandro Valentim, em um comunicado.

Procurado pela Reuters, o Ibama afirmou que participa ativamente das negociações com as demais instâncias do governo federal no que diz respeito às demandas dos servidores do instituto e que está trabalhando para que haja um desfecho positivo e a garantia da continuidade das suas atividades.

"Cabe ressaltar que a presidência da Autarquia tem como uma das principais prioridades a valorização e reestruturação das carreiras do Instituto e atua para isso desde o início da atual gestão", afirmou o órgão.

Procurado, o Ministério da Gestão não respondeu a pedido de esclarecimento sobre a proposta mais recente do governo para reajustes salariais de servidores da área ambiental.

Continua após a publicidade

Desde o início de 2024, funcionários do órgão reduziram o ritmo dos processos de licenciamento ambiental e de outros serviços de interesse do governo, sem chamar o movimento oficialmente de greve.

A desaceleração teve efeitos em toda a economia brasileira, desde projetos de energia até importações de veículos. Em maio, a Petrobras disse que os atrasos no licenciamento poderiam impactar cerca de 2% da produção anual da empresa se persistirem.

A Petrobras não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre a votação para declarar greve.

Junto com o sindicato dos trabalhadores do Ibama em pelo menos 14 Estados, os trabalhadores do Distrito Federal e uma filial dos trabalhadores do Ministério do Meio Ambiente também declararam seus planos de greve, disse o líder sindical nacional Wallace Lopes à Reuters.

A votação em todo o país está marcada para terminar nesta sexta-feira, disse ele, o que significa que trabalhadores em mais áreas podem aderir à greve.

A decisão dos trabalhadores também poderá prejudicar planos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no combate à destruição ilegal da floresta amazônica, se o pessoal do Ibama encarregado de policiar o desmatamento abandonar o trabalho.

Continua após a publicidade

(Reportagem de Jake Spring em São Paulo e Fabio Teixeira no Rio de Janeiro)

Deixe seu comentário

Só para assinantes