Atlas estrutura grande projeto de energia solar em MG com data center como principal cliente
Por Letícia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) - A Atlas Renewable Energy está se preparando para lançar um novo projeto de geração solar de grande porte no Brasil que terá um data center como o principal consumidor da energia, buscando se posicionar como fornecedora de referência para esse novo mercado cuja demanda deve despontar nos próximos anos, disse à Reuters o diretor-geral da geradora renovável no Brasil.
O novo empreendimento da Atlas, plataforma de energia renovável da gestora Global Infrastructure Partners (GIP) para as Américas, terá cerca de 600 megawatts-pico (MWp) de potência e ficará em Minas Gerais.
As obras deverão iniciar no final deste ano, e a expectativa é de que usina entre em operação em 2026. O valor dos investimentos não foi revelado.
Fábio Bortoluzo, diretor-geral da companhia no Brasil, destacou que o projeto conta com importantes diferenciais em relação aos desenvolvidos pela Atlas até então. Um deles é o fato de o "contrato-âncora" da usina ser com um data center (o nome da empresa não pôde ser divulgado), filão novo de mercado para as geradoras explorarem que vem demandando volumes cada vez maiores de energia limpa e competitiva.
Os data centers para processamento de dados das gigantes de tecnologia vão encontrar terreno fértil no Brasil para contratar energia, avalia o executivo, já que o país tem abundância de recursos renováveis e também grande oferta de projetos para desenvolvimento nos próximos anos.
Na visão da Atlas, a demanda por energia dos data centers pode alcançar 3 gigawatts (GW) no Brasil e 15 GW na América Latina, tornando-se um dos principais motores de crescimento para a geração renovável na região, ao lado da eletrificação de processos industriais e da demanda para produção de combustíveis verdes.
O novo complexo solar marca ainda uma diversificação da estratégia da Atlas, que começará a vender energia também para consumidores de médio porte e não apenas eletrointensivos. Para o projeto mineiro, a companhia já fechou contratação de energia de longo prazo com a Rede Primavera, de saúde, do Sergipe.
Com um portfólio de 1 GW de usinas já operacionais no Brasil, a Atlas se consolidou como uma fornecedora de energia para grandes indústrias eletrointensivas. Sua carteira de clientes inclui a mineradora Anglo American, a química Dow, Votorantim Cimentos, Albras, entre outras.
As indústrias têm buscado "limpar" seu consumo de energia elétrica principalmente por meio da autoprodução, uma modalidade comercial na qual a empresa se torna sócia da usina, o que garante benefícios que reduzem o custo final da energia, como descontos nas tarifas de transporte da energia e isenção de encargos setoriais.
A autoprodução tem sido alvo de críticas por parte do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e há promessas do governo de rever as regras para essa modalidade.
Na visão de Bortoluzo, a autoprodução é uma "decisão do Brasil" de incentivar a indústria a consumir energia renovável e diminuir seus custos, o que ajuda a torná-la mais competitiva. Diante das incertezas em torno do tema, ele afirma que os investidores interessados em contratar energia nessa modalidade estão "se movendo rápido, porque não sabem o futuro".
Com operações também no México, Colômbia, Chile e Uruguai, A Atlas tem no Brasil seu principal "hub". Além do 1 GW operacional, a empresa está construindo mais 1,7 GW, sem ainda considerar seu novo parque solar. A meta é alcançar um portfólio "de 3,5 GW a 5 GW" no país, apontou o diretor-geral.
A empresa vendeu recentemente um grande projeto solar para a Engie Brasil, mas hoje não há mandato para novas alienações, embora elas possam ocorrer de forma "oportunística", disse Bortoluzo.
(Por Letícia Fucuchima)
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