Após Fed, curva de juros brasileira consolida aposta na alta de 25 pontos-base da Selic; taxas longas cedem

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - A curva de juros brasileira passou a precificar 100% de probabilidade de o Banco Central subir a Selic em apenas 25 pontos-base na noite desta quarta-feira, e não em 50 pontos-base, após o Federal Reserve trazer alívio para o mercado ao aplicar um corte maior em sua taxa de juros.

Na esteira da decisão do Fed, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) fecharam o dia em baixa na maioria dos contratos, em especial os de longo prazo.

No fim da tarde a taxa do DI para outubro de 2024 -- um dos mais líquidos, refletindo apostas para o Copom desta quarta-feira -- estava em 10,624%, em alta de 1 ponto-base ante os 10,618% do ajuste anterior.

A taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,93%, em baixa de 3 pontos-base ante 10,955% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2026 estava em 11,77%, ante 11,812%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 11,99%, ante 12,03 %, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 11,98%, ante 12,006%.

Principal evento da semana, a decisão do Fed sobre juros, marcada para as 15h, era o foco dos negócios desde o início da sessão. As taxas dos DIs já recuavam pela manhã em meio à expectativa pelo anúncio, mas a decisão em si acelerou as baixas em um primeiro momento.

O Fed anunciou um corte de 50 pontos-base em seus juros, para a faixa de 4,75% a 5,00%, ainda que boa parte do mercado e dos economistas esperassem por uma redução menor, de apenas 25 pontos-base.

Ao justificar sua decisão, o Fed citou “maior confiança” de que a inflação caminha de forma sustentável rumo à meta de 2%, demonstrando preocupação com o mercado de trabalho.

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Como um corte de 50 pontos pelo Fed não estava totalmente precificado, a reação no Brasil foi de queda firme do dólar ante o real e de aceleração das baixas das taxas dos DIs, em especial entre os contratos longos. Por trás do movimento estava a percepção de que o corte maior de juros nos EUA alivia um pouco a tarefa do Banco Central do Brasil no controle da inflação.

Após a decisão do Fed, às 15h18, a taxa do DI para janeiro de 2031 marcou a mínima de 11,89%, em baixa de 14 pontos-base ante o ajuste anterior. Até o fim da sessão, porém, as taxas recuperaram fôlego e fecharam com perdas menores.

A precificação embutida na curva também passou por mudanças. Com a percepção de que a ação do Fed ajuda o BC, a curva a termo brasileira precificava perto do fechamento 100% de probabilidade de alta de 25 pontos-base da taxa básica Selic na noite desta quarta-feira. A probabilidade de aumento de 50 pontos-base estava em zero. Na véspera os percentuais eram de 91% e 9%, respectivamente.

"A decisão do Fed ajuda muito o Brasil, gera um alívio muito grande", comentou João Ferreira, sócio da One Investimentos, logo após o anúncio do Fed, ao avaliar a queda do dólar ante o real e o recuo das taxas dos DIs.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC anunciará sua decisão sobre a Selic, hoje em 10,50% ao ano, após as 18h30. Além do anúncio em si, investidores estarão atentos às avaliações do colegiado sobre o atual cenário de inflação.

Às 16h42, o rendimento do Treasury de dois anos--que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo -- tinha alta de 2 pontos-base, a 3,605%. Já o retorno do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subia 6 pontos-base, a 3,698%.

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