Campos Neto defende que contabilidade fiscal respeite critérios internacionais
SÃO PAULO (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu nesta quinta-feira que a contabilidade das contas públicas respeite critérios internacionais e não seja alterada, em meio a uma tentativa do governo de incorporar receitas para impulsionar o resultado primário, contrariando o entendimento da autoridade monetária.
Em entrevista coletiva para comentar o Relatório Trimestral de Inflação, Campos Neto disse que o resultado primário do governo precisa ser oriundo de um esforço fiscal no ano corrente, acrescentando que o BC usa critérios do Fundo Monetário Internacional (FMI) para calcular os dados.
“A gente tem uma interação com o governo para dizer ‘olha, é importante a gente manter essa contabilidade dessa forma’, fica muito transparente, fica comparável entre os países”, disse.
“É uma coisa que a gente já trabalha há bastante tempo, são critérios internacionais e é importante para a credibilidade do Brasil que a gente siga trabalhando dessa forma.”
Em projeto aprovado pelo Congresso sobre a desoneração da folha salarial e medidas arrecadatórias, o governo incluiu no texto a previsão de que a captação de recursos esquecidos por correntistas em bancos será contabilizada como resultado primário, ajudando na busca pelo déficit zero do governo.
A decisão contraria o BC, que disse que esse recurso não deve ser contabilizado na conta primária, e gerou críticas de analistas privados.
(Por Fabrício de Castro)
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