PESQUISA-Dólar deve permanecer inabalado apesar de incertezas crescentes
Por Sarupya Ganguly
BENGALURU (Reuters) - O dólar deve se manter firme nos próximos meses apesar de uma série esperada de cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve, de acordo com a mediana das previsões de estrategistas de câmbio consultados pela Reuters, que, no entanto, mostraram-se divididos quanto à direção geral da moeda norte-americana.
Desde julho, o dólar tem perdido quase todo o ganho de cerca de 5% acumulado até meados do ano em relação a uma cesta das principais moedas, devido às expectativas de que o Fed reduziria sua taxa de juros do que muitos consideravam um nível excessivamente restritivo. Entretanto, a moeda tem se mantido praticamente estável nas últimas semanas.
Com a crença de que as pressões dos preços estão agora controladas, o banco central dos Estados Unidos começou a afrouxar a política monetária no mês passado com um corte de 50 pontos-base para evitar qualquer enfraquecimento adicional no mercado de trabalho.
A expectativa é de que o Fed corte sua taxa de juros em 25 pontos em novembro e dezembro, de acordo com a maioria dos mais de 100 economistas em uma pesquisa separada da Reuters realizada após a reunião de setembro.
Embora esteja de acordo com as projeções do próprio Fed e com o chair Jerome Powell, que disse que as autoridades não estão "com pressa" para cortar os juros, essa expectativa fica abaixo dos quase 72 pontos de afrouxamento que os futuros de juros estão precificando atualmente.
Apesar disso, o dólar deve permanecer firme nos próximos meses, com o euro, atualmente em torno de 1,11 dólar, mantendo esse nível até o final do ano e até o fim de março, de acordo com a mediana das previsões de quase 80 estrategistas em uma pesquisa da Reuters realizada entre 30 de setembro e 2 de outubro.
Espera-se, então, que a moeda comum se fortaleça cerca de 2%, chegando a 1,13 dólar em um ano, segundo a pesquisa, o que é consistente com as perspectivas de enfraquecimento do dólar que os analistas têm feito durante a maior parte deste ano.
"Embora nossa opinião seja de que um pouso suave global combinado com o afrouxamento do Fed deva, se concretizado, resultar em uma ampla fraqueza do dólar, o caminho para chegar a esse destino, pelo menos no curto prazo, pode ser traiçoeiro", observou Meera Chandan, estrategista de câmbio do JP Morgan.
Analistas que responderam a uma pergunta separada ficaram divididos quanto à direção geral do dólar durante o restante do ano, com um pouco mais da metade, 35 de 62, dizendo que é mais provável que o dólar seja negociado mais fraco do que eles preveem. O restante disse que seria mais forte.
"O Fed parece estar muito no modo de gestão de risco e querendo alcançar um pouso suave e, embora os dados de emprego estejam desacelerando, também não estão caindo de um penhasco", disse Alex Cohen, estrategista de câmbio do Bank of America.
Os entrevistados do outro lado do espectro destacaram a demanda por ativos seguros devido aos riscos crescentes de ampliação do conflito no Oriente Médio como um dos poucos possíveis impulsos para o dólar nas próximas semanas.
O resultado da eleição presidencial de novembro nos EUA e os mercados financeiros agora precificando totalmente um corte na taxa de juros do Banco Central Europeu em outubro também foram citados como possíveis eventos positivos para o dólar, segundo a pesquisa.
"O dólar provavelmente pode se fortalecer ainda mais, principalmente na eleição dos EUA, já que não achamos que o mercado esteja precificando totalmente qualquer prêmio para possíveis tarifas de (Donald Trump, candidato republicano)", disse Dan Tobon, chefe de estratégia de câmbio do G10 no Citi.
(Reportagem de Sarupya Ganguly e Indradip Ghosh; pesquisa de Veronica Khongwir)
Deixe seu comentário