Ibovespa fecha em queda sob pressão de Vale; Localiza salta após balanço
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou com uma queda discreta nesta terça-feira, com Vale mais uma vez exercendo pressão negativa, enquanto Petrobras atuou como contrapeso, assim como Localiza, que saltou quase 7% após resultado trimestral acima das expectativas de analistas.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa cedeu 0,14%, a 127.698,32 pontos, tendo marcado 127.411,09 pontos na mínima e 128.209,92 pontos na máxima do dia. O volume financeiro somou 24,3 bilhões de reais.
A queda das bolsas norte-americanas -- combinada com o avanço nos rendimentos dos Treasuries -- corroborou a fraqueza do mercado brasileiro, onde agentes financeiros continuam sem novidades sobre um pacote fiscal prometido pelo governo.
"O mercado continua aguardando as propostas de ajuste fiscal por parte do governo", disse o sócio e advisor da Blue3 Willian Queiroz, destacando que houve pouca evolução desde a semana passada em termos de apresentação ou detalhes públicos.
"É o principal tema", reforçou, destacando que essa ausência de novidades ou anúncios tem ajudado a manter a bolsa "lateralizada".
Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), quando elevou a Selic em 0,50 ponto percentual, a 11,25% na semana passada, o Banco Central reforçou a defesa da adoção de medidas fiscais pelo governo.
A autoridade monetária destacou que o "esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária".
De acordo com o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, "o mercado está sem energia, com todo mundo esperando mais clareza sobre o fiscal e ainda digerindo o tom mais duro da ata do Copom".
Uma bateria de balanços corporativos ainda está prevista após o fechamento do mercado, incluindo os números de CSN, Hapvida, Raízen, SLC Agrícola e IRB(Re).
"Algumas empresas têm conseguido bons resultados ou demonstrado alguma melhora", afirmou o especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, Anderson Silva.
"Isso atrai a atenção de quem, em meio a todas essas questões (fiscais), ainda busca preencher o percentual da carteira destinado à renda variável com boas empresas, que possam estar descontadas", afirmou.
DESTAQUES
- VALE ON caiu 2,27%, em dia de desempenho misto dos futuros do minério de ferro na Ásia, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE), na China, subiu 0,26%, enquanto o vencimento de referência na Bolsa de Cingapura cedeu 0,02%. A Vale também fechou contratos de gás natural no mercado livre.
- PETROBRAS PN subiu 1,88%, resistindo ao enfraquecimento dos preços do petróleo no mercado internacional, onde o barril de Brent, usado como referência pela estatal, fechou com acréscimo de apenas 0,08%.
- LOCALIZA ON saltou 6,79% após divulgar crescimento de 22% no lucro líquido do terceiro trimestre em relação a mesma etapa do ano passado, para 812 milhões de reais, em resultado acima do esperado, com maior faturamento proveniente do aluguel de carros, gestão de frotas e seminovos. A margem Ebitda consolidada chegou a 72%, de 70,5% um ano antes.
- BTG PACTUAL UNIT fechou em alta de 0,89%, após dia volátil, em meio à análise do lucro líquido ajustado recorde de 3,2 bilhões de reais no terceiro trimestre, com forte expansão de receitas e ROAE de 23,5%, enquanto CEO apontou expectativa de continuidade no crescimento em 2025. O banco ainda aprovou recompra de até 2 bilhões de reais em units.
- BANCO DO BRASIL ON recuou 0,23% tendo no radar a divulgação do balanço no dia 13, após o fechamento, enquanto ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 1,2%, BRADESCO PN perdeu 0,52% e SANTANDER BRASIL UNIT caiu 0,87%
- SÃO MARTINHO ON encerrou em queda de 4,23%, tendo no radar lucro líquido de 187,4 milhões de reais no segundo trimestre da safra 2024/25, 55,2% abaixo do registrado no mesmo período um ano antes. O Ebitda ajustado, por sua vez, subiu 44%, para 943,1 milhões de reais. A São Martinho também divulgou uma atualização de suas projeções para o ciclo atual.
- VAMOS ON cedeu 0,53%, revertendo o avanço da abertura, em meio à análise do resultado do terceiro trimestre, com lucro líquido de 175,1 milhões de reais, alta de 51% ano a ano, e Ebitda de 871 milhões de reais, elevação de 27,6%. O grupo também estimou investimento de 5 bilhões de reais em 2025 após 4,9 bilhões estimados para este ano.
- SABESP ON avançou 3,79% após lucro líquido de 6,1 bilhões de reais no terceiro trimestre, salto de 622% ante o mesmo período de 2023. Desconsiderando efeitos não recorrentes e a margem de construção, o lucro somou 1,17 bilhão de reais. A Sabesp também decidiu descontinuar as projeções de investimento para o período entre 2024 e 2028.
- ITAÚSA PN perdeu 0,66%. O conselho de administração da holding aprovou bonificação de acionistas na proporção de cinco novas ações para cada 100 papéis detidos pelos investidores, em um aumento de capital de 7 bilhões de reais. O anúncio ocorreu junto à divulgação de um lucro líquido recorrente de 3,9 bilhões de reais no terceiro trimestre.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.