Dólar recua ante o real com mercado à espera de leilões do BC e inflação dos EUA

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar à vista recuava ante o real nesta terça-feira, uma vez que investidores acompanhavam os ganhos de moedas emergentes no exterior e se ajustavam para a realização de dois leilões de linha pelo Banco Central pela manhã, com os mercados globais à espera de dados de inflação dos Estados Unidos.

Às 9h28, o dólar à vista caía 0,31%, a 5,7557 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,10%, a 5,762 reais na venda.

O BC informou na véspera, em comunicado, que fará dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) nesta quarta-feira, das 10h30 às 10h35, com oferta total de 4 bilhões de dólares.

O leilão de linha A, com oferta de 2 bilhões de dólares, terá como data de recompra pelo BC o dia 2 de abril de 2025. Já o leilão de linha B, com oferta de 2 bilhões de dólares, terá data de recompra em 2 de julho de 2025.

O último leilão de linha realizado pelo BC havia ocorrido em 20 de janeiro de 2023, quando foram ofertados um total de 2 bilhões de dólares.

Tradicionalmente, o BC costuma realizar leilões de linha nos finais de ano, em especial em dezembro, para atender à demanda por moeda para envio ao exterior. No fim do ano passado, porém, o BC não realizou leilões de linha, porque não identificou necessidade de ofertas extras.

A autarquia não informou o motivo da operação anunciada para quarta-feira.

"Tal atuação fica condicionada à falta de dólar no mercado à vista e tende também a conter a volatilidade e a pressão do dólar, justamente oriundo das incertezas pelas medidas fiscais do governo", disse Marcio Riauba, gerente da mesa de operações da StoneX Banco de Câmbio.

Continua após a publicidade

Outro analista ouvido pela Reuters indicou que o dólar pode registrar perdas adicionais no momento dos leilões.

O mercado segue na espera do anúncio de medidas de contenção de gastos pelo governo, à medida que o Executivo busca garantir a sustentação do arcabouço fiscal no longo prazo.

A demora pela divulgação do pacote fiscal, uma vez que o governo prometeu anunciá-lo após o segundo turno das eleições municipais, tem gerado nervosismo entre agentes financeiros, o que provoca pressão sobre o real.

No cenário externo, o dólar perdia um pouco de sua força recente, recuando contra a maioria de seus pares emergentes, o que também ajudava a moeda brasileira.

O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,05%, a 105,940.

A divisa dos EUA tem acumulado ganhos com a crescente perspectiva de que o governo do presidente eleito, Donald Trump, implementará certas medidas, como tarifas e cortes de impostos, que serão inflacionárias para o país, gerando necessidade de a taxa de juros se manter elevada.

Continua após a publicidade

O foco desta sessão, no entanto, é a agenda macroeconômica, com destaque para a divulgação de dados de inflação ao consumidor dos EUA, às 10h30. Economistas consultados pela Reuters esperam que o índice registre alta de 0,2% em outubro, ante avanço semelhante em setembro.

(Por Fernando CardosoEdição de Camila Moreira)

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.