Eletrobras foca no cliente e estuda potencial entrada no mercado varejista, diz CEO
SÃO PAULO (Reuters) - A Eletrobras está concentrando esforços para se tornar uma companhia de soluções de energia a clientes e avalia eventual entrada na comercialização ao "varejo" do setor elétrico, disse nesta segunda-feira o presidente-executivo da companhia, Ivan Monteiro.
Participando de evento da plataforma MegaWhat, o executivo destacou que a Eletrobras está em uma jornada de longo prazo para se adequar à lógica privada, mas que já obteve avanços relevantes, principalmente na venda de energia no mercado livre, um segmento que a empresa praticamente não atuava antes de sua privatização, em 2022.
"Vocês podem esperar uma empresa completamente voltada para o cliente. Essa é uma coisa que me orgulha muito, porque se no passado não era exigido, não tinha essa quantidade necessária de energia para vender no mercado livre, isso agora possibilita desenvolver essas relações", disse Monteiro.
Segundo ele, a companhia está discutindo internamente uma proposta para atuar no segmento "varejista", isto é, vender energia a pequenas e médias empresas, em uma possível diversificação de sua carteira hoje concentrada em grandes empresas.
O segmento varejista está na mira das principais geradoras e comercializadoras de energia do país, que buscam se posicionar para uma potencial abertura do mercado livre de energia a quase 90 milhões de consumidores, principalmente residenciais, até o final da década.
Monteiro destacou sua experiência profissional pregressa com relacionamento com clientes, classificando-se como um "bancário" que recebeu a incumbência de gerir a maior companhia de energia elétrica da América Latina.
"Na minha carreira, sempre estive muito próximo de um negócio que eu amo chamado 'cliente'. Um dos hábitos que eu mais gosto de fazer é servir alguém, servir o cliente", destacou o CEO da Eletrobras.
INVESTIMENTOS E ACORDO COM UNIÃO
Monteiro também afirmou que a Eletrobras está aumentando substancialmente o patamar de seus investimentos anuais, devendo realizar aportes de 9 bilhões de reais em 2024, o triplo da média histórica da companhia. Segundo ele, a tendência para os investimentos "não deve ser diferente" em 2025 e 2026.
A companhia está apostando em oportunidades orgânicas, como modernização e reforços de sua carteira de ativos, e inorgânicas, como participação em leilões de projetos de transmissão de energia.
"Não teremos mais 'bids' (lances) patrióticos em leilões... isso significa taxa de retorno compatível com o custo de capital da Eletrobras", respondeu ele ao ser questionado se a empresa seria mais seletiva com investimentos do que no passado.
Em relação às negociações para uma solução consensual com o governo sobre o poder de voto da União na empresa, Monteiro disse que as partes estão buscando um "ponto comum" para chegar a um desfecho.
"O conselho de administração (da Eletrobras) estimula muito esse diálogo, eu também sou um fã de diálogo... Estamos buscando um ponto comum onde a gente possa evoluir".
(Por Letícia Fucuchima)
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