Taxas dos DIs passam a subir na reta final com Treasuries e realização de lucros

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - Após cederem na maior parte da sessão, as taxas dos DIs viraram para o positivo na reta final e fecharam a terça-feira em alta, puxadas pelo avanço firme dos rendimentos dos Treasuries no exterior e pela realização de lucros de parte dos investidores após os recuos recentes.

A virada das taxas para o positivo no fim da tarde coincidiu com a recuperação do dólar, que zerou as perdas ante o real.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para julho de 2025 -- um dos mais líquidos no curtíssimo prazo -- estava em 14,025%, ante o ajuste de 14,021% da sessão anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2026 marcava 15,01%, ante o ajuste de 14,994%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,92%, ante 14,815% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,69%, ante 14,576%.

Durante a maior parte do dia as taxas dos DIs -- em especial os contratos até janeiro de 2028 -- sustentaram perdas firmes, com investidores dando continuidade ao movimento recente de retirada de prêmios.

“Aqui a gente vem na contramão do exterior, onde as taxas sobem, porque tínhamos um excesso de prêmios em nossa curva de juros. O que ajudou a dar continuidade a este movimento foram as falas do (ministro da Fazenda, Fernando) Haddad, reforçando o compromisso com medidas de contenção de gastos”, afirmou durante a tarde Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos, em um momento em que as taxas dos DIs ainda oscilavam no território negativo.

Em entrevista à GloboNews, Haddad disse que o governo encerrou 2024 com um déficit primário de apenas 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB), acrescentando que novas iniciativas para sanear as contas públicas seguem sendo estudadas.

Para o economista-chefe do banco Bmg, Flavio Serrano, o recuo da curva brasileira nesta terça ocorria porque investidores seguiam queimando um pouco do excesso de prêmios incorporados no fim de 2024. “Não há nada de novo”, pontuou.

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Na reta final, porém, as taxas migraram para o território positivo, em especial as de prazos mais longos.

Conforme operador de um grande banco de investimentos ouvido pela Reuters, a pressão de alta dos yields dos Treasuries contribuiu para a virada, assim como um movimento de realização de lucros após as baixas recentes.

Perto do fechamento a curva brasileira precificava 43% de probabilidade de alta de 125 pontos-base da taxa básica Selic no fim de janeiro e 57% de chance de elevação de 100 pontos-base. Atualmente a Selic está em 12,25% ao ano.

No exterior, os yields sustentavam altas firmes no fim da tarde, influenciados por leilões de títulos do Tesouro norte-americano. Às 16h35, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 8 pontos-base, a 4,691%.

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