Ibovespa fecha em alta de quase 3% com impulso externo

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta de quase 3% nesta quarta-feira, orbitando os 123 mil pontos na máxima, embalado pelo viés positivo em Wall Street e pela queda nos rendimentos dos Treasuries após dados de inflação nos Estados Unidos.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 2,81%, a 122.650,2 pontos, tendo marcado 122.987,84 pontos na máxima e 119.302,94 pontos na mínima da sessão.

O volume financeiro alcançou 70,26 bilhões de reais, em pregão marcado ainda pelo vencimento de opções sobre o Ibovespa.

O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA aumentou 0,4% em dezembro, após alta de 0,3% em novembro, com a taxa em 12 meses ficando em 2,9%, enquanto economistas previram avanços de 0,3% e 2,9%, respectivamente.

O núcleo do indicador, que exclui os componentes voláteis de alimentos e energia, porém, subiu 0,2%, após acréscimo de 0,3% por quatro meses consecutivos, o que fez com que mostrasse alta de 3,2% em 12 meses até de dezembro, de 3,3% em novembro.

De acordo com o analista João Victor Vieitez, da gestora de patrimônio Aware Investments, o CPI levou alívio ao mercado, especialmente pela desaceleração do núcleo da inflação.

"A percepção de que a inflação nos Estados Unidos está arrefecendo, ainda que de forma tímida, reacende as expectativas de cortes na taxa de juros por lá, gerando um otimismo pontual", afirmou.

Em Nova York, o S&P 500 avançou 1,83%, com resultados de bancos como JPMorgan, Citi e Goldman Sachs também ocupando as atenções. O rendimento do título de 10 anos do Tesouro dos EUA marcava 4,6531% no final do dia, de 4,788% na véspera.

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O cenário externo ainda contou com o anúncio de um acordo para acabar com a guerra em Gaza entre Israel e o Hamas, após 15 meses de derramamento de sangue que matou dezenas de milhares de palestinos e inflamou o Oriente Médio.

DESTAQUES

- HAPVIDA ON disparou 10,45%, com ações de empresas sensíveis à economia doméstica favorecidos pelo alívio nas taxas dos DIs na esteira do movimento dos Treasuries. O índice do setor de consumo subiu 3,29% e o índice do imobiliário avançou 4,22%. No caso da Hapvida, também está no radar a audiência pública da ANS prevista para os dias 28 e 29 de janeiro para debater o projeto de reformulação da política de preços e reajustes dos planos de saúde.

- MARCOPOLO PN fechou em alta de 7,64%, no segundo pregão seguido no azul, em meio a relatórios otimistas sobre a ação. O BTG Pactual disse que a ação está "inegavelmente barata", citando a disciplina de capital e a capacidade aprimorada da nova gestão, bem como exposição cambial favorável e um balanço patrimonial quase "líquido de caixa". O Itaú BBA citou que os papéis estão com preços atrativos e que se trata da sua ação preferida no setor.

- ITAÚ UNIBANCO PN valorizou-se 4,34%, com bancos também beneficiados pelo viés comprador, tendo ainda no radar números de seus pares norte-americanos do quarto trimestre, entre eles JPMorgan, Citi e Goldman Sachs. BRADESCO PN subiu 3,5%, BANCO DO BRASIL ON ganhou 2,52% e SANTANDER BRASIL UNIT avançou 3,53%. Ainda, BTG PACTUAL UNIT saltou 5,75%.

- PETROBRAS PN avançou 1,28%, apoiada pelo aumento dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou o pregão transacionado a 82,03 dólares, em alta de 2,64%. PETROBRAS ON subiu 1,31%.

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- B3 ON terminou o dia com elevação de 6,71%, respondendo por um suporte relevante para o Ibovespa, tendo como pano de fundo relatório de analistas do Santander elevando o preço-alvo dos papéis de 14 para 15 reais e reiterando recomendação "outperform" para as ações. A B3 também divulgou na véspera dados operacionais de dezembro, mostrando aumento no volume financeiro médio diário no segmento de ações, bem como no volume médio diário de derivativos.

- KLABIN UNIT recuou 0,51%, entre as poucas quedas da sessão, marcada pelo declínio do dólar ante o real, o que também serviu como argumento para vendas de papéis de outras exportadora: MARFRIG ON perdeu 1,76%.

- VALE ON encerrou com acréscimo de 1,45%, seguindo os futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com alta de 0,71%, a 782,5 iuanes (106,73 dólares) a tonelada. Analistas do Citi reduziram suas previsões para o Ebitda ajustado da mineradora no quarto trimestre de 4,1 bilhões para 3,8 bilhões de dólares, bem como para a estimativa de produção de minério e dos embarques.

- RUMO ON subiu 0,52%, revertendo perdas do começo do dia, quando caiu 2,6% no pior momento, a uma mínima intradia desde fevereiro de 2023. Analistas do Goldman Sachs cortaram a recomendação dos papéis da operadora ferroviária para "neutra" e reduziram o preço-alvo de 25 para 20,50 reais. Entre os argumentos, citaram uma desaceleração do ímpeto em 2025.

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