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Bolsa e câmbio estendem euforia com Lula na Lava-Jato

04/03/2016 14h06

Os mercados financeiros do Brasil tomam novamente rumos próprios nesta sexta-feira, num cenário totalmente dominado pela questão política. Após a divulgação ontem pela revista IstoÉ de uma delação do senador Delcídio do Amaral, hoje a Polícia Federal cumpriu mandado de condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele depôs em sala no pavilhão de autoridades do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, no âmbito da Operação Lava-Jato. Depois, dirigiu-se para a sede do Partido dos Trabalhadores.

As investigações envolvem a compra e reforma de um sítio em Atibaia (SP) e a conexão com empreiteiras investigadas na Lava-Jato. O tríplex no Guarujá, no litoral paulista, reformado pela OAS, também é alvo. A operação foi autorizada pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava-Jato em Curitiba.

A PF apura se o presidente Lula recebeu vantagens indevidas de empreiteiras ligadas à Lava-Jato. Não houve emissão de mandado de prisão. Batizada de "Aletheia", a 24ª fase da operação apura crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Os mercados reagem com euforia. O Ibovespa tem mais um dia de fortes ganhos, com alta em torno de 4% e com o índice tentando se manter acima dos 49 mil pontos. Ações de companhias descontadas e com controle estatal disparam. No mercado de câmbio, o dólar opera na casa dos R$ 3,70. Os juros caem.

O mercado ainda se divide sobre o futuro desses movimentos. Alguns profissionais acreditam que a notícia de hoje amplia ainda mais as chances de impeachment da presidente Dilma Rousseff, e que o índice continuará subindo. Outra parcela olha para os fundamentos do país e acredita que trata-se de uma euforia passageira.

Bolsa

O Ibovespa subia 4,10% às 14h, para 49.127 pontos. A cobertura de posições vendidas predomina nas mesas pelo segundo dia seguido, o que puxa principalmente os papéis mais desacreditados nos últimos tempos. Esse movimento se mescla a uma alta de ações de empresas estatais.

A projeção de volume negociado para a Bovespa hoje é de nada menos que R$ 21 bilhões. Segundo um operador, os estrangeiros já vinham comprando ações em fevereiro - o fluxo no mês foi positivo em R$ 2,3 bilhões - mas o investidor local entrou com força refazendo posições desde ontem.

As maiores altas do Ibovespa eram de Vale ON (15,7%), Bradespar PN (15,4%), Petrobras PN (13,5%) e BB ON (12,2%).

Câmbio

O dólar segue em firme baixa contra o real nesta sexta-feira, mas já está longe das mínimas do dia. O real já não lidera os ganhos entre as principais divisas globais nesta sessão.

Às 13h46, o dólar comercial caía 1,96%, a R$ 3,7259. O dólar para abril recuava 1,67%, a R$ 3,7630. Na mínima do dia, o dólar foi a R$ 3,6540 - em baixa de 3,85%, a mais forte desde 24 de setembro de 2015 (-3,96%).

O ímpeto mais fraco para as vendas se deve ao ruído provocado pela rolagem parcial de swaps cambiais tradicionais do Banco Central. O BC vendeu 8 mil de 9.600 contratos de swap ofertados. O BC não fazia uma rolagem parcial desses papéis desde o fim de setembro, mês de extrema volatilidade nos mercados domésticos, quando o dólar bateu a máxima recorde de quase R$ 4,25.

A rolagem parcial teria sido provocada por uma questão de preço, com o mercado pedindo taxas consideradas fora de esquadro. No entanto, a rolagem parcial em um dia de queda forte do dólar leva o mercado a entender que o BC pode estar impondo um piso para a cotação do dólar, que hoje estaria em torno de R$ 3,60.

Juros

Os juros futuros mais longos seguem em baixa, influenciados pelo noticiário envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As taxas curtas, contudo, tomaram algum fôlego, sustentadas pela leitura de que o Banco Central não deve cortar a Selic neste ano.

Essa percepção foi indicada pela rolagem parcial de swaps cambiais pelo BC. O entendimento é que a queda do dólar seria conveniente ao BC caso a autoridade monetária quisesse aliviar a inflação via câmbio, o que tiraria da política monetária a tarefa de colocar os preços sob controle. Mas a rolagem parcial dos swaps foi interpretada como um sinal de que a queda do dólar terá limite. Portanto, o instrumento de controle da inflação será o juro, que, para isso, não deverá cair.

Com isso, a probabilidade de corte acumulado de 0,25 ponto percentual da Selic neste ano, que chegou a superar 70% pela manhã, caiu a 36% no início desta tarde.

O DI janeiro de 2021 recuava a 14,690%, frente a 15,070% no ajuste da véspera.

O DI janeiro de 2018 ia a 14,210%, ante 14,260% no último ajuste. O DI janeiro de 2017 operava estável a 14,040%, ante mínima de 13,920% mais cedo.