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Juros futuros caem influenciados por desaceleração do IPCA de março

08/04/2016 16h45

As taxas dos contratos futuros de juros recuaram na BM&F nesta sexta-feira, reagindo ao dado abaixo do esperado do IPCA de março e ao ambiente de menor aversão a risco no exterior. Além disso, as últimas notícias políticas desfavoráveis ao governo ajudaram a reforçar as apostas no impeachment da presidente Dilma Rousseff, reduzindo a percepção de risco no mercado local.

Entre os vencimentos mais curtos, o DI para janeiro de 2017 caiu de 13,84% para 13,80% no fechamento do pregão regular, e o DI para janeiro de 2018 recuou de 13,67% para 13,55%.

Os investidores ajustaram as apostas após a divulgação do IPCA de março, que mostrou uma desaceleração de 0,90% em fevereiro para 0,43% em março. O número endossa o discurso do Banco Central, repetido ontem por seu presidente, Alexandre Tombini, de que os efeitos desinflacionários vão preponderar a partir de agora, dando sustentação a apostas de corte da Selic neste ano.

Para o gestor de renda fixa e derivativos da Brasif, Henrique de la Rocque, embora o dado de inflação tenha reforçado as apostas em corte de juros, a flexibilização da política monetária depende da estabilização da taxa de câmbio, que tem sido influenciada pelo cenário político local. "Por isso, acho pouco provável que o BC comece a cortar a taxa básica de juros no primeiro semestre", diz.

Entre os vencimentos mais longos, a queda é ainda mais forte e intensificada pelo ambiente internacional mais propício ao risco. O DI para janeiro de 2021 caiu de 14,12% para 13,76%.

As notícias políticas recentes, mais desfavoráveis ao governo, também ajudaram a reforçar as apostas em uma mudança, que poderia abrir espaço para a adoção de uma política fiscal mais austera.

Em mais um revés ao governo, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mudou de ideia e enviou ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF) manifestação na qual pede a anulação da nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro-chefe da Casa Civil. Para Janot, há desvio de finalidade na indicação de Lula como ministro, que buscaria escapar das investigações lideradas pelo juiz Sergio Moro, que conduz a Operação Lava-Jato, no Paraná.

Ontem, a divulgação do conteúdo da delação premiada do ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Azevedo voltou a complicar a situação do governo, uma vez que reforça a atenção sobre a campanha da presidente em 2014. Azevedo disse que parte das doações eleitorais oficiais feitas à chapa Dilma Rousseff-Michel Temer foi uma contrapartida na forma de propina por contratos obtidos com estatais. Isso poderia dar força a um processo de impugnação da chapa pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), levando à convocação de novas eleições.