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Ibovespa fecha em alta com mudança acionária da Vale

20/02/2017 18h37

As ações da Vale foram o destaque do pregão. Sem a referência do mercado dos Estados Unidos, que não operou devido a um feriado local, o Ibovespa fechou com alta de 1,16% aos 68.533 pontos e com volume financeiro de R$ 4,8 bilhões. Os papéis da Vale PNA subiram 6,17% e as ações ordinárias da empresa tiveram alta de 6,93%. As ações preferenciais da Bradespar, acionista da Vale, subiram 16,62%. Os negócios com ações da Vale representaram 29,6% do movimento total do Ibovespa.


A Vale anunciou um novo acordo de acionistas que começa a vigorar a partir de 10 de maio. Os acionistas Litel Participações, Litela Participações, Bradespar, Mitsui e BNDES Participações (BNDESPar), reunidos na Valepar, decidiram por uma conversão voluntária das ações preferenciais classe A (PNA) da Vale em ações ordinárias (ON), na relação de 0,9342 ON por cada PNA da mineradora. O preço utilizado será o de fechamento das ONs e PNAs da média dos últimos 30 pregões da bolsa anteriores a 17 de fevereiro, ponderada pelo volume de ações negociado nesses pregões.


A proposta também prevê a incorporação da Valepar pela Vale, com relação de substituição que contemple um aumento de 10% no número de ações detido pelos acionistas da Valepar em relação à sua atual posição. A diluição da participação dos demais acionistas da Vale no capital social é estimada em 3%, diz o aviso ao mercado.


A avaliação de analistas do mercado é de que a mudança societária é positiva porque pode trazer mais transparência sobre a gestão da companhia. A mudança também pode favorecer o aumento de recursos estrangeiros para os papéis da empresa, já que os gestores estrangeiros preferem investir em ações ordinárias a preferenciais.


A alta das ações da Bradespar é explicada porque ela faz parte da Valepar. Com a mudança acionária, ela deixaria de ser uma "casca" não operacional, e que por isso recebia um desconto do mercado, para fazer parte de Vale. "A Vale é um exemplo de empresa privatizada que enfrentou suas dificuldades com muita diligência e passa agora por um bom momento do mercado internacional, com a alta no preço das commodities", diz Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora.


Para ele, o movimento de ingresso da Vale no Novo Mercado deve ser replicado para outras empresas. "Os gestores estão em um momento de escolha de empresas de valor", diz. De acordo com o analista Bruno Giardino, do Santander, a diluição de 3% dos acionistas da Vale após a reestruturação acionária da empresa é compensada pelos pontos positivos da operação, entre eles a governança melhor. Ele considerou a notícia positiva e disse que a tendência é de aumento do valor da Vale, concentração de volume e liquidez e queda do desconto da empresa em relação a seus pares internacionais.


Apesar de considerar a notícia positiva, o analista por enquanto não está alterando a recomendação para a mineradora - que é neutra - em razão do acordo. Segundo ele, há muitas incertezas sobre a continuidade de valorização da cotação do minério de ferro.


Segundo ele, a relação de troca entre as ações ordinárias e as PNA, de 0,9342 para 1, está muito próxima da diferença atual entre os papéis. Ele comenta que, geralmente, ações preferenciais negociam mais que as ordinárias e, portanto, deveriam ter um prêmio pela liquidez. Mas a ação ordinária da Vale tem boa liquidez, o que diminui o "pedágio" a ser pago. Além disso, as PNA não têm recebido outra vantagem, que são os dividendos maiores que os das ordinárias. "Ao migrar, todo mundo ganha. O acionista toma um pouco de diluição, mas para fazer parte de uma empresa com governança melhor", diz.


De acordo com relatório distribuído a clientes do UBS, o desconto do preço da Vale em relação aos seus pares, principalmente a Rio Tinto, diminuiu consideravelmente. Os analistas atribuem à valorização da Vale à sua maior alavancagem operacional e maior exposição ao minério de ferro do que seus pares. "Não temos conhecimento de que os investidores citem a atual estrutura acionária como uma razão para o desconto histórico", escreveram os analistas em relatório.


O desconto em relação aos pares tem sido atribuído aos custos de frete relativamente elevados da Vale para a China; ao risco soberano referente a revisões de leis de mineração, alterações de royalties, impostos, obrigação tributária do Refis, emissão de licenças; ao balanço patrimonial endividado; aos dividendos mais baixos; à pressão de crescimento da produção. "Os investidores continuam esperando maior clareza sobre essas questões", escreveram os analistas liderados por Andreas Bokkenheuser, em relatório.


Outras ações que também fecharam em alta foram os papéis da Petrobras. As ações preferenciais subiram 1,99% e as ações ordinárias tiveram alta de 2,15%. De acordo com reportagem do Valor, se não houver mais nenhum pedido de vista, o plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) vai liberar na quarta-feira a continuidade do programa de venda de ativos da Petrobras. Hoje, as privatizações estão vedadas por uma medida cautelar do ministro José Múcio.


Hoje, também houve exercício de contratos de opções sobre ações. O movimento financeiro ficou em R$ 5,21 bilhões, segundo a BM&FBovespa. Do valor total, R$ 4,9 bilhões foram referentes a opções de compra e R$ 318,5 milhões foram referentes a opções de venda.